2010/08/06

28 - Luto - SIM

A morte é a única certeza da vida. Daqui a cem anos, quero que continuemos a morrer - esse post deveria se chamar "Imortalidade - NÃO" - e que saibamos lidar com isso

Quero muito, muito mesmo, que as sociedades existentes na Terra daqui a cem anos tenham uma compreensão elevada da vida e de seu sentido dentro de um universo que é maior do que o tempo e o espaço como conhecemos.

Seja a vida uma passagem entre um lugar e outro, ou não, o fato é que ela tem um começo e um fim. Às vezes parece que vivemos como se ela não fosse acabar nunca. Mas o fim sempre chega.

O que acontece com quem morre? Ninguém sabe, só quem já passou por isso. Mas o que acontece com os que continuam vivos é um sentimento de tristeza, saudade antecipada e eterna e uma incapacidade de fugir das perguntas que nos assombram quando nos despojamos de todas as futilidades as quais nos agarramos durante a vida. Nos distraímos para esquecer. Inventamos problemas para não pensar nas questões reais, naquelas que insistimos em acreditar que tenham resposta, embora ninguém nunca tenha de fato respondido. Sim, estou falando da boa e velha pergunta: "Qual o sentido da vida?.

A morte nos faz pensar nisso. Não há como escapar. Pensamos no enterro, no custos do cemitério, na funerária, em avisar os amigos e parentes, em mil coisas, mas não há como escapar: a questão está lá, no fundo de tudo. Fugir só pioraria as coisas. Fingir que a questão não nos aflige é como fingir que não se tem uma ferida, deixá-la lá, aberta exposta. Com o tempo, ela infecciona, cresce, dói, se torna insuportável.

Por isso, é importante respeitar o momento. Cuidar da ferida para que ela não infeccione. O luto é o momento de cuidar da ferida que não sangra, mas que faz jorrar as perguntas que não têm resposta.

Por mais que seja impossível responder, precisamos perguntar. No luto, perguntamos e, de alguma maneira, nos aproximamos da resposta.

Espero que daqui a cem anos continuemos a morrer e que as sociedades saibam respeitar o momento daqueles que continuam a viver. Que os rituais de luto existam e sejam peça importante no aprendizado dos vivos.

2010/03/28

27 - Geladeira - NÃO


Estes dias me deparei com um texto atribuído a Frei Beto. O texto conta que Carlinhos Brown passou a infância sem geladeira. E sem fome. Foi com a chegada do eletrodoméstico que eles descobriram a comida desnecessária e a fome. Fiquei pensando no assunto e decidi que seria interessante se daqui a cem anos não tivéssemos geladeira em casa.

Há muito tempo, conheci uma figura dessas que a gente acha que só existem nos livros ou nas histórias de matutos não muito confiáveis. Era o véio do mato, um homem velho (ou aparentemente velho), que vivia com sua longa barba branca (bem amarelada) em uma cabana no meio do mato. Entre as várias pérolas de sabedoria que ele compartilhou conosco, estava sua ojeriza à geladeira. Não tanto ao objeto em si, mas ao fato de comermos carne de bichos mortos há dias: "e essa carne podre fica na barriga fazendo gulugulugulu...".

Não deixa de ter sua razão. Sei que a temperatura baixa desacelera o processo de putrefação da carne, mas, ela continua se degradando, só mais lentamente... Basta esquecer de fazer a carne no dia certo pra ver como ela fica uns dias depois.

Eu, particularmente, não tenho nehum dilema ético quanto ao consumo de carne animal. O que me incomoda nessa história toda, é a forma com que os bichos são criados. Eles vêm ao mundo não para serem eles, mas sim, para serem nossa comida. Reproduzem, engoradam e são mortos só para nos alimentar.



Não sei se dá pra fazer um paralelo com a vida humana, mas eu penso que não seria um modo tão ruim de morrer, estar passeando pelo mato e ser pego por uma onça. Faz parte... Se não for ela, serão os vermes. O chato seria ser criado num espaço limitado, sendo alimentado por uma ração engordante especialmente preparada pelas onças e ser morta em um matadouro pra ir pruma prateleira de supermercado das onças... Eita vidinha besta, sô!

A mesma coisa para os bichos, ser comido por gente é um dos finais possíveis. Morrer para ser comido é ocupar sua parte na cadeia alimentar. O chato é viver como comida. Viver sem naturalidade e morrer com crueldade.

Nossa sociedade é muito louca. Fazemos as barbaridades, mas deixamos tudo que possa nos impactar emocionalmente bem longe de nós. A geladeira é a porta do matadouro que dá direto na nossa cozinha. Se temos problemas com o desmatamento e a criação extensiva de gado, a geladeira faz parte disso.


O ideal seria fazer como nossos avós, que pegavam a galinha no quintal, matavam, depenavam e cozinhavam na hora. Um dia ainda quero fazer isso, matar uma galinha e ver se tenho coragem de comer o bicho.


De fato, viver sem geladeira nos obrigaria a repensar nosso consumo de alimentos. É por essa e por outras que quero que daqui a cem anos não tenhamos geladeira em casa. Quero que a produção de alimentos seja descentralizada e que possamos ter frutas, legumes, hortaliças e carne fresca produzidos bem pertinho de nós, tendo consciência plena de tudo aquilo que colocamos para dentro de nossa barriga.

2010/02/02

26 - Carros - NÃO

 
Uaaaaa! Tô chutando o pau da barraca de novo! Abaixo o carro!!!

Explico: não é que eu não queira que haja carros daqui a cem anos, o que eu não quero é que nosso transporte diário seja baseado num veiculo como o carro: individualista, excludente e poluente.

O carro é muito mais do que um meio de transporte, ele é um símbolo dessa era que está com prazo de validade vencido. Não é a toa que um dos principais modelos de produção em massa foi idealizado por Henry Ford, fundador da Ford Motors. O carro é o sonho de consumo de 9 entre 10 homens que completam a maioridade (inventei esse dado, mas achei essa enquete nada científica que comprova a tese). O carro anda no asfalto, por isso a base de nosso transporte terrestre, inclusive de carga, é rodoviário e grande parte das ruas de nossa cidade são asfaltadas. O carro é movido a gasolina (no Brasil somos flex!!!), mas o resto do mundo depende do petróleo pra botar esses bichinhos pra funcionar e levar os filhos na escola, ir trabalhar ou ir pra praia.

Quantas crises do petróleo, quantas guerras nos países do oriente médio a gente não viu nesse último século? E essas chuvas doidas e alagamentos dos últimos anos? Dizem que essa mudança climática é culpa da emissão de CO2. Quem emite CO2? Quem? Quem? Os carros! (Nós também, mas o estrago da queima de combustíveis fósseis é maior...). E esse asfalto, então? O povo reclama da chuva e das enchentes. Canaliza o rio, asfalta o chão e quer que a água escoe por onde? Socorro.

Quer mais um motivo pra acreditar que o carro é um bom símbolopara nossa época? Olha só o ranking das maiores frotas de carro que eu achei aí na net: "foi publicada a lista das maiores frotas mundiais de automóveis. O ranking é liderado pelos EUA, com 244,4 milhões de carros, uma média de 1,2 unidade por habitante, seguido por Japão (75,8 mi), Alemanha (49,7 mi), Itália (39,8 mi), França (36,6 mi), Reino Unido (35,1 mi), China (31,5 mi), Rússia (31,2 mi) e Espanha (26 mi). O Brasil ocupa a décima colocação, com 25,5 milhões de veículos".

Alguma surpresa? Vai dizer aí que carro não é sinônimo de acumulação de capital?

E aqui no Brasil, para provar que estamos ficando ricos (ou pelo menos alguns de nós estão), as vendas de carro sobem sem parar. E para que as montadoras não sofram com a crise o nosso querido presidente ex-operário ainda abaixa o imposto sobre os carros novos para que as pessoas comprem e comprem! Só faltou mandar construir mais ruas pra caber tanto carro. Chama o Maluf pra construir mais uns 50 minhocões na cidade pra ver se o trânsito de São Paulo anda. Tá todo mundo doido. E há muito tempo!


Os dados da última pesquisa Origem/Destino, realizada pelo metrô de São Paulo, mostram que essa valorização do carro vai contra os hábitos atuais da maioria da população. Em 2007, um terço dos deslocamentos em São Paulo era feito a pé. E dos deslocamentos motorizados, 55% eram feitos em transporte coletivo. O carro é opção da menor parcela da população. Então porque ele é que é o foco principal de qualquer planejamento urbano? Será que é porque os políticos e arquitetos só andam de carro ou será que é porque eles só pensam em quem tem dinheiro (e hábitos pouco solidários).


Eu mesma evito andar até de ônibus na cidade de São Paulo. Ando em transportes que utilizam trilhos ou a pé mesmo. O trânsito, ou melhor, a falta de trânsito está insuportável. Esse privilégio de alguns, andar de carro, está tornando o deslocamento de todos impraticável. Não podemos deixar uma questão dessa, que envolve o direito público de ir e vir, nas mãos de pessoas que só pensam em si.

E qual a solução? Em meus desvarios, sonho com um meio de transporte individual mas de controle coletivo. Algo como cabines individuais com caminhos programados sobre trilhos. Dava até pra criar um post Julio Verne pra isso, se não fosse minha grata surpresa ao ver que cientistas (aqui no Brasil!!!) já estão estudando o Transporte Público Individualizado.

Enquanto isso não vira realidade, andemos a pé, de trem, de metrô ou de bike. Se você tem carro, deixe-o na garagem. Depois venda-o. Livre-se dele. Se eu que sou uma mocinha pobre e indefesa posso, você também pode.

Daqui a cem anos, quero acordar, abrir os olhos e ver que o chão não está coberto por asfalto, mas sim por mato. Não quero ouvir buzinas e roncos de motores, quero ouvir os passaros, ou o rio que passa ali do lado e que não foi canalizado para a construção de uma grande avenida. Quero ir e vir sem preocupação, sem depender da inteligência ou da boa vontade dos indivíduos que me cercam, sem ser individualista e sem ter que enfrentar o individualismo de cada um. Podem até existir alguns carros, para emergências e coisas do tipo. Mas quero, que daqui a cem anos, nosso meio de transporte - para distâncias maiores do que as pernas alcançam andando ou de bicicleta - seja coletivamente organizado, mesmo que individualmente utilizado.

2010/01/28

25 - Bancos - NÃO

Completo um quarto de nossa trajetória botando pra quebrar! Quero que daqui a cem anos não existam mais bancos!

Não sei se teremos ou não dinheiro, ainda não tenho posição definida a respeito disso, pois gosto muito do conceito do dinheiro, de uma moeda de troca, mas não posso ser hipócrita e fingir que não vejo que o uso que fazemos do dinheiro é a causa de grande parte dos problemas de nosso mundo atual... Buenas, vou deixar para discutir isso mais para a frente.

Por hoje, adoraria que em cem anos as pessoas achassem absurda a idéia de ter bancos: instituições que usam o dinheiro dos outros para fazer mais dinheiro, que vendem dinheiro a preços muito maiores do que ele vale, ou que, simplesmente, faz mais dinheiro a partir do dinheiro alheio e não distribuí essa colheita mágica a ninguém.

É muita loucura. Muita mesmo. Há muitos anos recebi um email que comparava os rendimentos da poupança com os juros cobrados de uma dívida feita com cheque especial. Num mesmo período, 100 reais investidos na poupança se tornariam 374 reais, enquanto 100 reais devidos em cheque especial virariam uma dívida de 139.259 reais.


De verdade mesmo, o que quero que não exista de jeito nenhum daqui a cem anos são os lucros abusivos.

Difícil isso, determinar o que é e o que não é abuso, mas basta olhar os cálculos feitos acima para ver que há abuso. Era bom inventar um índice, determinar o que é válido cobrar a mais por qualquer mercadoria que se for trocar com outra pessoa - mesmo que a mercadoria seja dinheiro trocado por dinheiro.

O ideal seria que as coisas fossem trocadas quando tivessem igual valor. Eu tenho galinhas e quero comer batatas. Você produz batatas e quer almoçar uma galinhada. Conversamos, conversamos, conversamos e pronto! Uma galinha minha por quatro quilos da sua batata. Fechado. Era assim nas feiras da idade média, ou pelo menos foi assim que minhas professoras de história disseram que era. Mas e se você não gostasse de galinha, eu ficaria sem meu purê de batatas? Ou teria que trocar minha galinha por açúcar de beterraba, já que você está precisando de açúcar de beterraba, e voltar lá e trocar o açúcar por suas batatas. Mas e se o produtor de açúcar não quisesse minha galinha? Aí eu tava ferrada. E quando o dinheiro começou a se popularizar nas feiras, meus problemas acabaram! Porque dinheiro todo mundo aceitava. Ele pode ser trocado por tudo, literalmente. Dinheiro pode ser trocado por batatas, por açúcar, por galinha, por carros, por gasolina, por serviço de telefonia, por luz elétrica, por conforto, por glamour, por sexo, por casamento e até por mais dinheiro!

Trocas são legais, muito legais. Tirar vantagem disso é que estraga tudo. E os bancos são a casa e o bordel desse dinheiro com muito valor e nenhum sentido, rei de todas as relações desiguais do mundo contemporâneo.

Pena que quem troque dinheiro por mais dinheiro sejam só os bancos (e os agiotas com capangas). E se você não dá lucro pra eles porque não pede dinheiro emprestado, dá lucro porque deixa seu dinheiro lá para eles aplicarem e ganharem mais do que te repassam e porque você paga taxas! Ê lará!

No Brasil, os bancos vêm tendo lucro recorde ano depois de ano. Itaú e Bradesco lucraram cerca de 6 bilhões cada um - cada um - no ano de 2009. De acordo com a empresa de consultoria Economática, o lucro do setor bancário supera até o lucro das cinco empresas do setor de petóleo e gás juntas. Dinheiro faz dinheiro! Falando assim dá até vontade de abrir um banco...

Mas é melhor pensar que eles podem deixar de existir. Seria um ótimo passo! Uma sociedade menos centrada no dinheiro e mais focada no valor real, ou de uso, das coisas. Mais focada no bem estar e em valores não materiais. Seria maravilhoso acordar daqui a cem anos e saber que bancos são coisas do passado, são símbolo de uma época estranha e distante em que os homens davam mais valor a um pedaço de papel impresso do que a seus amigos e familiares.

A cagada de 2008 foi um bom gancho para iniciarmos uma discussão sobre isso e repensarmos o papel dos bancos dentro da nossa sociedade. È... bom... teria sido, né? Visto o esforço que os governos fizeram para salvar os bancos, parece que ninguém está interessado em repensar isso por enquanto.

2010/01/25

24 - Anger eliminator - SIM














Apesar do número propício, deixarei para falar sobre (homo) sexualidade depois (acho ate que já falei em sexo antes, não?).

Este é mais um post da categoria Julio Verne, agora em cores e com équio! Quero que daqui a cem anos exista algo o "anger eliminator" (bem ao estilo tabajara).

Seus problemas acabaram! Alguém pisou no seu dedão? Seu namorado sempre olha para outras garotas? Sua sogra acha que tudo o que você faz é errado? O atual de sua ex é muito mais bonito que você? O Arnesto te convidou prum samba, mas num tava e nem ponhô um recado na porta? Calma, amigo! Seus problemas acabaram!

Daqui a cem anos, ao alcance de todos estará o "anger eliminator", pra acabar de veiz com sua réiva!

Chega de arrancar os cabelos ou ficar roxo de raiva. O "anger eliminator" é um sistema revolucionário! Vários bonecos em uma praça pra você chutar e bater à vontade. Ou qualquer coisa do gênero. O importante é ter um espaço coletivo e público para poder colocar essas energias para fora. Nos casos mais graves, uns brinquedinhos que dão choque elétrico também são recomendados.




A idéia é que tenhamos lugares para gastar energia. Que a raiva seja entendida como um sentimento natural e que, se acumulado ou mal direcionado, pode causar estragos enormes. Não vou fazer fofoca, mas essa semana vi um caso bem desastrado de raiva descontrolada e atirada em cima de pessoas que nada tinham a ver com o assunto. E como não quero que daqui a cem anos as pessoas resovam seus problemas no braço (esse tipo de violência não leva a nada), sugiro um espaço específico pra isso.

Minha esperança é que a raiva seja assumida como um sentimento pelo qual muitos de nós passamos. Assumamos a raiva e saibamos conviver com ela. Só assim, também, seremos capazes de minimizá-la.

Enquanto o "anger elimanor public and funny space" não é criado, podemos recorrer aos conselhos do psicólogo Lloyd Thomas, são conselhos do tipo, respire fundo e conte até 10. Bom, eu ainda prefiro bater em um boneco, de preferência gritando e em público. hehehe. Ah, tem um filme chamado "Anger Management" que eu nem conhecia... Quando ele passar na TV aberta eu vejo.

23 - Advogados - NÃO



Nada contra as pessoas que optaram por ter essa profissão. Tenho, sim, várias ressalvas ao sistema que faz necessária a existência desses profissionais.

Acho muito absurdo que precisemos recorrer a outras pessoas para nos defendermos (seja de acusações que fazem contra nós, seja defendendo nossos direitos contra outras pessoas que não os respeitam).

Vivemos sob um sistema jurídico muito complexo. É tanta lei que a galera estuda quatro anos pra ser advogado e não aprende tudo.

Só de códigos federais, são 21 mais a CLT.  Vai casar? Tá lá no Código Civil. Vai até ali? Siga o Código de Trânsito. Ah, vai de avião? Tem o Código Brasileiro de Aeronáutica. Vai bater no seu filho levado? Opa! Tem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Vai pedir demissão? Olha a CLT. Vai comprar papel higiênico? Não se esqueça do Código de Defesa do Consumidor. Cansou de tudo e vai votar direito dessa vez? Código Eleitoral neles!



E parece que eles fazem de propósito. De quantas dessas expressões vc sabe o significado?
  1. ação cautelar, 
  2. agravo de instrumento, 
  3. deferimento, 
  4. ex nunc, 
  5. embargos de declaração, 
  6. habeas corpus, 
  7. jurisprudência,
  8. liticonsórcio,
  9. peculato,
  10. Princípio da Insignificância (crime de bagatela)
A maioria dos termos foi retirada do Glossário do Supremo Tribunal Federal. Confira lá os seus acertos, cada um vale um ponto. Se você fez de 6 a 10 pontos: parabéns! Já pode prestar OAB. Se fez 5 pontos e não fez ou faz faculdade de direito: muito bom! Você é um bom cidadão, apto a conhecer as leis (ou metade delas, já que fez 50%). De 0 a 4 pontos: não se desespere, pois a idéia é essa mesmo, que você não entenda as leis e por isso precise de advogados.

Opa! Como assim? A idéia não é que eu viva de acordo com a lei? Então porque ela é tão difícil de entender, tão vasta, tão aparentemente distante do nosso rélis mundo não-jurídico. Boa pergunta. E eu continuo. De que servem regras se elas não são conhecidas? Quantas infrações eu ou você não cometemos por puro desconhecimento da lei?

Quero um sistema legal mais simples daqui a cem anos (sim, acredito na necessidade de regras explícitas, mas claras e acessíveis). E se pudermos nos defender (ou atacar) legalmente sem a necessidade de um profissional, vai ser um sinal de que esse objetivo foi alcançado.

2010/01/16

22 - Maturidade - SIM




Ando me sentindo velha ultimamente. Um pouco porque, de fato, já não sou mais nenhuma criança. Outro tanto porque tenho andado com gente mais jovem. Engraçado, estou acostumada a ser sempre a mais nova do grupo...

Agora que me encontro no outro extremo, vejo que existe uma coisa que só o tempo e a experiência nos dão: a maturidade. Cara, isso é muito bom! É bom já ter percorrido um caminho. Já ter feito um exercício várias vezes. Já ter passado pelas situações. Isso nos confere uma calma incrível. Estou inclinada a dizer que a maturidade tem um quê de sabedoria.

Já escrevi aqui que quero que daqui a cem anos os idosos sejam respeitados. Nesse post, eu vou um pouco além, quero que daqui a cem anos a maturidade seja valorizada.

Hoje em dia, todos querem ser jovens, parecer jovens, fazer bobeiras como jovens, meter os pés pelas mãos como jovens. Juventude é legal. Tem muita adrenalina, muitas emoções a flor da pele, muitas dscobertas, muita vida pela frente. Mas as outras fases da vida também tem o seu encanto. É legal arrumar um namoradinho e ficar aflita esperando um telefonema ou uma mensagem. Mas é mais legal ainda conseguir prever o desenrolar da história, sem afobação, sem ansiedade, apenas com poesia, contemplação e sabedoria.

Maturidade vem com responsabilidade e é até mais difícil que a juventude, mas dói menos. Pelo menos enquanto o reumatismo não vem. rs