2010/01/28

25 - Bancos - NÃO

Completo um quarto de nossa trajetória botando pra quebrar! Quero que daqui a cem anos não existam mais bancos!

Não sei se teremos ou não dinheiro, ainda não tenho posição definida a respeito disso, pois gosto muito do conceito do dinheiro, de uma moeda de troca, mas não posso ser hipócrita e fingir que não vejo que o uso que fazemos do dinheiro é a causa de grande parte dos problemas de nosso mundo atual... Buenas, vou deixar para discutir isso mais para a frente.

Por hoje, adoraria que em cem anos as pessoas achassem absurda a idéia de ter bancos: instituições que usam o dinheiro dos outros para fazer mais dinheiro, que vendem dinheiro a preços muito maiores do que ele vale, ou que, simplesmente, faz mais dinheiro a partir do dinheiro alheio e não distribuí essa colheita mágica a ninguém.

É muita loucura. Muita mesmo. Há muitos anos recebi um email que comparava os rendimentos da poupança com os juros cobrados de uma dívida feita com cheque especial. Num mesmo período, 100 reais investidos na poupança se tornariam 374 reais, enquanto 100 reais devidos em cheque especial virariam uma dívida de 139.259 reais.


De verdade mesmo, o que quero que não exista de jeito nenhum daqui a cem anos são os lucros abusivos.

Difícil isso, determinar o que é e o que não é abuso, mas basta olhar os cálculos feitos acima para ver que há abuso. Era bom inventar um índice, determinar o que é válido cobrar a mais por qualquer mercadoria que se for trocar com outra pessoa - mesmo que a mercadoria seja dinheiro trocado por dinheiro.

O ideal seria que as coisas fossem trocadas quando tivessem igual valor. Eu tenho galinhas e quero comer batatas. Você produz batatas e quer almoçar uma galinhada. Conversamos, conversamos, conversamos e pronto! Uma galinha minha por quatro quilos da sua batata. Fechado. Era assim nas feiras da idade média, ou pelo menos foi assim que minhas professoras de história disseram que era. Mas e se você não gostasse de galinha, eu ficaria sem meu purê de batatas? Ou teria que trocar minha galinha por açúcar de beterraba, já que você está precisando de açúcar de beterraba, e voltar lá e trocar o açúcar por suas batatas. Mas e se o produtor de açúcar não quisesse minha galinha? Aí eu tava ferrada. E quando o dinheiro começou a se popularizar nas feiras, meus problemas acabaram! Porque dinheiro todo mundo aceitava. Ele pode ser trocado por tudo, literalmente. Dinheiro pode ser trocado por batatas, por açúcar, por galinha, por carros, por gasolina, por serviço de telefonia, por luz elétrica, por conforto, por glamour, por sexo, por casamento e até por mais dinheiro!

Trocas são legais, muito legais. Tirar vantagem disso é que estraga tudo. E os bancos são a casa e o bordel desse dinheiro com muito valor e nenhum sentido, rei de todas as relações desiguais do mundo contemporâneo.

Pena que quem troque dinheiro por mais dinheiro sejam só os bancos (e os agiotas com capangas). E se você não dá lucro pra eles porque não pede dinheiro emprestado, dá lucro porque deixa seu dinheiro lá para eles aplicarem e ganharem mais do que te repassam e porque você paga taxas! Ê lará!

No Brasil, os bancos vêm tendo lucro recorde ano depois de ano. Itaú e Bradesco lucraram cerca de 6 bilhões cada um - cada um - no ano de 2009. De acordo com a empresa de consultoria Economática, o lucro do setor bancário supera até o lucro das cinco empresas do setor de petóleo e gás juntas. Dinheiro faz dinheiro! Falando assim dá até vontade de abrir um banco...

Mas é melhor pensar que eles podem deixar de existir. Seria um ótimo passo! Uma sociedade menos centrada no dinheiro e mais focada no valor real, ou de uso, das coisas. Mais focada no bem estar e em valores não materiais. Seria maravilhoso acordar daqui a cem anos e saber que bancos são coisas do passado, são símbolo de uma época estranha e distante em que os homens davam mais valor a um pedaço de papel impresso do que a seus amigos e familiares.

A cagada de 2008 foi um bom gancho para iniciarmos uma discussão sobre isso e repensarmos o papel dos bancos dentro da nossa sociedade. È... bom... teria sido, né? Visto o esforço que os governos fizeram para salvar os bancos, parece que ninguém está interessado em repensar isso por enquanto.

2010/01/25

24 - Anger eliminator - SIM














Apesar do número propício, deixarei para falar sobre (homo) sexualidade depois (acho ate que já falei em sexo antes, não?).

Este é mais um post da categoria Julio Verne, agora em cores e com équio! Quero que daqui a cem anos exista algo o "anger eliminator" (bem ao estilo tabajara).

Seus problemas acabaram! Alguém pisou no seu dedão? Seu namorado sempre olha para outras garotas? Sua sogra acha que tudo o que você faz é errado? O atual de sua ex é muito mais bonito que você? O Arnesto te convidou prum samba, mas num tava e nem ponhô um recado na porta? Calma, amigo! Seus problemas acabaram!

Daqui a cem anos, ao alcance de todos estará o "anger eliminator", pra acabar de veiz com sua réiva!

Chega de arrancar os cabelos ou ficar roxo de raiva. O "anger eliminator" é um sistema revolucionário! Vários bonecos em uma praça pra você chutar e bater à vontade. Ou qualquer coisa do gênero. O importante é ter um espaço coletivo e público para poder colocar essas energias para fora. Nos casos mais graves, uns brinquedinhos que dão choque elétrico também são recomendados.




A idéia é que tenhamos lugares para gastar energia. Que a raiva seja entendida como um sentimento natural e que, se acumulado ou mal direcionado, pode causar estragos enormes. Não vou fazer fofoca, mas essa semana vi um caso bem desastrado de raiva descontrolada e atirada em cima de pessoas que nada tinham a ver com o assunto. E como não quero que daqui a cem anos as pessoas resovam seus problemas no braço (esse tipo de violência não leva a nada), sugiro um espaço específico pra isso.

Minha esperança é que a raiva seja assumida como um sentimento pelo qual muitos de nós passamos. Assumamos a raiva e saibamos conviver com ela. Só assim, também, seremos capazes de minimizá-la.

Enquanto o "anger elimanor public and funny space" não é criado, podemos recorrer aos conselhos do psicólogo Lloyd Thomas, são conselhos do tipo, respire fundo e conte até 10. Bom, eu ainda prefiro bater em um boneco, de preferência gritando e em público. hehehe. Ah, tem um filme chamado "Anger Management" que eu nem conhecia... Quando ele passar na TV aberta eu vejo.

23 - Advogados - NÃO



Nada contra as pessoas que optaram por ter essa profissão. Tenho, sim, várias ressalvas ao sistema que faz necessária a existência desses profissionais.

Acho muito absurdo que precisemos recorrer a outras pessoas para nos defendermos (seja de acusações que fazem contra nós, seja defendendo nossos direitos contra outras pessoas que não os respeitam).

Vivemos sob um sistema jurídico muito complexo. É tanta lei que a galera estuda quatro anos pra ser advogado e não aprende tudo.

Só de códigos federais, são 21 mais a CLT.  Vai casar? Tá lá no Código Civil. Vai até ali? Siga o Código de Trânsito. Ah, vai de avião? Tem o Código Brasileiro de Aeronáutica. Vai bater no seu filho levado? Opa! Tem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Vai pedir demissão? Olha a CLT. Vai comprar papel higiênico? Não se esqueça do Código de Defesa do Consumidor. Cansou de tudo e vai votar direito dessa vez? Código Eleitoral neles!



E parece que eles fazem de propósito. De quantas dessas expressões vc sabe o significado?
  1. ação cautelar, 
  2. agravo de instrumento, 
  3. deferimento, 
  4. ex nunc, 
  5. embargos de declaração, 
  6. habeas corpus, 
  7. jurisprudência,
  8. liticonsórcio,
  9. peculato,
  10. Princípio da Insignificância (crime de bagatela)
A maioria dos termos foi retirada do Glossário do Supremo Tribunal Federal. Confira lá os seus acertos, cada um vale um ponto. Se você fez de 6 a 10 pontos: parabéns! Já pode prestar OAB. Se fez 5 pontos e não fez ou faz faculdade de direito: muito bom! Você é um bom cidadão, apto a conhecer as leis (ou metade delas, já que fez 50%). De 0 a 4 pontos: não se desespere, pois a idéia é essa mesmo, que você não entenda as leis e por isso precise de advogados.

Opa! Como assim? A idéia não é que eu viva de acordo com a lei? Então porque ela é tão difícil de entender, tão vasta, tão aparentemente distante do nosso rélis mundo não-jurídico. Boa pergunta. E eu continuo. De que servem regras se elas não são conhecidas? Quantas infrações eu ou você não cometemos por puro desconhecimento da lei?

Quero um sistema legal mais simples daqui a cem anos (sim, acredito na necessidade de regras explícitas, mas claras e acessíveis). E se pudermos nos defender (ou atacar) legalmente sem a necessidade de um profissional, vai ser um sinal de que esse objetivo foi alcançado.

2010/01/16

22 - Maturidade - SIM




Ando me sentindo velha ultimamente. Um pouco porque, de fato, já não sou mais nenhuma criança. Outro tanto porque tenho andado com gente mais jovem. Engraçado, estou acostumada a ser sempre a mais nova do grupo...

Agora que me encontro no outro extremo, vejo que existe uma coisa que só o tempo e a experiência nos dão: a maturidade. Cara, isso é muito bom! É bom já ter percorrido um caminho. Já ter feito um exercício várias vezes. Já ter passado pelas situações. Isso nos confere uma calma incrível. Estou inclinada a dizer que a maturidade tem um quê de sabedoria.

Já escrevi aqui que quero que daqui a cem anos os idosos sejam respeitados. Nesse post, eu vou um pouco além, quero que daqui a cem anos a maturidade seja valorizada.

Hoje em dia, todos querem ser jovens, parecer jovens, fazer bobeiras como jovens, meter os pés pelas mãos como jovens. Juventude é legal. Tem muita adrenalina, muitas emoções a flor da pele, muitas dscobertas, muita vida pela frente. Mas as outras fases da vida também tem o seu encanto. É legal arrumar um namoradinho e ficar aflita esperando um telefonema ou uma mensagem. Mas é mais legal ainda conseguir prever o desenrolar da história, sem afobação, sem ansiedade, apenas com poesia, contemplação e sabedoria.

Maturidade vem com responsabilidade e é até mais difícil que a juventude, mas dói menos. Pelo menos enquanto o reumatismo não vem. rs