2009/12/28

21 - Silêncio - SIM








Alguém colocou um relógio de ponteiros para funcionar no meu quarto. Ele está pendurado em uma parede, mas quando fui dormir, parecia que ele estava do lado da minha cama. Era um tic-tac-tic-tac muito chato... O engraçado é que, de manhã, eu mal ouvia o barulho do relógio. O ruído da cidade é tão grande, que o barulhão que não me deixou dormir virou um barulhinho quase imperceptível.

Será que essa barulheira toda a que somos submetidos e que simplesmente ignoramos não faz mal? Cientificamente, eu não saberia responder. Mas tendo a acreditar que sim. Que o som do ambiente que nos cerca de alguma forma age sobre nós, sobre nosso estado de espírito, sobre nosso humor, sobre nossa saúde.

Que vontade de voltar pro meio do mato, só pra ouvir o ruído do vento nas plantas, da chuva chegando, dos pássaros, dos sapos e até da fofoca dos vizinhos. Cidade do interior tem disso... Eu quero que daqui a cem anos, seja lá qual for a configuração dos agrupamentos humanos, possamos viver com menos ruidos de máquinas, carros, alarmes disparados e sei lá mais o que. Que o silêncio que nos rodeie seja o som das matas, das praias e dos desertos.

2009/12/26

20 - Cachoeiras - SIM!


Acabo de voltar da Chapada dos Veadeiros e afirmo com todas as letras: quero que daqui a cem anos existam cachoeiras, de preferência, as mesmas que existem hoje!!!

Durante anos nossa "civilização" se considerou apartada, separada, isolada da natureza. Pior que isso, o homem se considerava superior a todo esse negócio de natureza. Tá certo! Somos superiores e podemos fazer tudo o que nossa ciência e nosso capital permitem. E depois guenta enchente na marginal, desmoronamento e aquecimento global.

(Fui boazinha ao usar o pretérito imperfeito acima... sei que grande parte das pessoas ainda pensa assim, mas tenho fé de que as coisas irão mudar).

Para que as cachoeiras permaneçam, temos que nos ver como parte desse mundo. Não como os donos, os superiores ou as pragas, mas como mais uma espécie a habitar esse planeta. Uma espécie que se diferencia das outras por seu poder de destruição e que pode passar a se diferenciar por suas ações voltadas a conservação, da espécie e do planeta.

Sim, eu quero energia elétrica. Mas vamos minimizar os efeitos do represamento necessário para a construção de hidroelétricas. Nossa legislação é bastante avançada em relação a isso. Vamos cumprir a lei. E mais para frente, quando outras tecnologias estiverem mais desenvolvidas, quando a produção de enrgia for menos centralizada, vamos evitar alterar cursos de rio e inundar terrenos. Depois a gente acaba sofrendo as consequências. A enchentes nas marginais dos rios Pinheiros e Tietê são um exemplo dessa conta cobrada a longo prazo. Ambos foram canalizados no início do século XX para alimentar a usina Henry Borden, construída pela empresa canadense Light em Cubatão. Depois a culpa das enchentes é do lixo ou da prefeitura (tb é, mas o buraco é bem mais embaixo).

Por essas e por outras, acho que é melhor evitar ao máximo mexer com as águas. Elas moldam a terra e permitem a vida na face da Terra. Devemos respeito a elas. Deixemos as cachoeiras lindas como estão. E tomemos muitos banhos sob elas!!!