2009/09/24

11 - Pesca com bomba - NÃO



Minha vontade hoje era falar de guerra. De como o ser humano pode ser estúpido e cometer atos de violência contra outros seres humanos por motivos que não dizem respeito nem a quem joga a bomba e nem a quem explode com ela.

Por volta das 12h40, estava em casa com meu pai e minha mãe. Estávamos conversando, em nossa rotina normal, quando de repente a janela começou a tremer. Fazia um barulho semelhante a um enorme trovão se aproximando. Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. Ficamos estáticos. Os segundos foram eternos. Até que ele chegou. Um estrondo enorme. Um trovão rouco e poderoso. Uma explosão.

Naquele momento, o que me veio à cabeça foi: bomba atômica. Como não havia mais barulho de explosão, abrimos a janela e vimos uma enorme coluna de fumaça branca mais alta que um prédio de vinte andares. Não sei precisar a altura, porque quando vi achei que a explosão tinha sido a três quarteiros de casa. Me enganei, foi a mais de 15 quarteirões.

Foi a explosão mais forte que já senti e a cena de guerra mais impressionate que já vi.

Já estive em zonas de guerra, mas as cenas de guerra que mais me chocaram vi mesmo em São Paulo. A primeira foi decorrência dos ataques do PPC em 2006. No dia seguinte aos primeiros ataques, vi uma agência bancária destruída e queimada como se tivesse explodido, com um carro dentro. (Parecido com a imagem aí do lado).

A segunda cena de guerra vi há menos de um mês. Policiais com arma em punho, um dando cobertura para o outro, avançando em direção à favela de Heliópolis. Ao fundo, um ônibus atravessado na rua e muita fumaça. Rolou um medo de levar uma bala perdida. Aliás, o motivo do conflito entre moradores e policiais foi a morte de uma adolescente vítima de bala perdida (ou achada, como dizem).

E hoje, a mais assustadora de todas. O ar vibrando e o grande estrondo. Saí as ruas para ver se descobria o que tinha acontecido e vi os helicópteros da polícia e da TV chegando. A informação veio por eles: uma loja de fogos havia explodido. Até o momento, duas pessoas morreram.



Foto feita por Elenice Santim, vizinha do local, publicada no G1

A imprensa seguiu cobrindo o assunto dando o seu show de costume. Engraçado que eles têm tanta tecnologia a seu favor, mas ainda não aprenderam a ouvir. Em uma das coberturas especiais, aquelas que duram horas ao vivo, a apresentadora estava falando com espectadores que ligavam para dar o seu relato. Até então, eles estavam dizendo que o local além de loja de fogos seria também uma fábrica de fogos. Foi quando ligou um ex-morador do local e cliente da loja. Ele contou algo que me deixou boba. Ele disse que comprava lá bombas para pesca. BOMBAS PARA PESCA. E eu que nem sabia que se pescava com bombas... Ele disse que as bombas são poderosíssimas, que explodem quando estão submersas e levantam uma coluna de água de 20 metros. VINTE METROS.

Não levei muita fé. Até que achei esse vídeo e seus amiguinhos no youtube:


Amigo, são 12 quilos de dinamite pra fazer esse geiser jorrar. Não entendo nada de explosivos, mas se uma bomba para pesca pode fazer 20 metros de água subirem, várias delas juntas podem fazer casas, móveis, asfalto, terra e pessoas voarem pelos ares.

Bom, a imprensa não tocou no assunto das bombas de pesca. Seguem com a informação de que a loja teria um grande depósito de fogos de artifício ou seria uma fábrica de fogos.

De qualquer maneira, a informação da pesca com bomba me impressionou. Conheci a técnica hoje e já quero que ela não exista mais daqui a cem anos.

O governo brasileiro não quer que ela exista agora. A pesca com bomba é proíbida no Brasil. Conforme escreveram Mariana Ramos Conceição e Mônica Celestino, no livro-reportagem "Agressão Além-mar. Pesca com bomba: um crime social, cultural e ambiental":
A pesca com bombas é considerada um ato ilícito por afetar não só a cadeia alimentar, por destruir grandes cardumes e animais ainda em processo de maturação ou em fase de reprodução, como também por afetar a biota aquática, destruindo corais, eliminando algas (alimento de várias espécies), etc. Essa ação degradante teve sua proibição decretada em 1967, através da Lei n° 221, de 28 de fevereiro, tendo o criminoso como penalidade uma multa de até dois salários mínimos. Já perante os artigos 34 e 35 da Lei Federal 9.605, a chamada Lei dos Crimes Ambientais, praticar pesca com bombas e/ou usufruir do pescado adquirido dessa forma são crimes com pena prevista de um a cinco anos de reclusão.

Parece que a situação é pior no litoral da Bahia, destaco os alertas de Ivana Gil Silva, Léia Figueiredo e Diego. É isso aí, todos contra a pesca com bomba! As bombas explodem embaixo d'água e matam filhotes de peixes e crustáceos, danificam a flora e os corais, comprometendo todo o ecosistema aquático. E quando as bombas explodem fora d'água... Nos solidarizamos com as famílias das vítimas da explosão. E vamos repensar nossa relação com o mundo, que tal?

2009/09/22

10 - Água Potável - SIM



No dia mundial sem carro, digo: quero que daqui a cem anos exista água potável.

Parece óbvio. Se vai haver humanidade, é bom que haja água pra essa turma toda beber. E, como por essas bandas quase nunca faltou água de beber, a gente acaba esquecendo que é preciso cuidar das fontes para que não falte água nunca. Ontem vi a senadora Marina Silva falar da importância da juventude na política. Ela disse que os jovens têm projeto para o futuro, deles próprios, dos filhos e dos netos. E, por isso, o meio ambiente e a sustentabilidade - e nesse pacote a questão da água potável - são temas importantes para eles. Não me considero tão jovem, mas me identifiquei com a questão.



De acordo com a ONU, 1,1 bilhão de pessoas já não tinham acesso à água potável em 2006. A Organização Mundial da Saúde, falava em 1,5 bilhão em 2008. E tem gente dizendo que, se nada for feito, dois terços da humanidade não terão acesso à água em 2025. Isso é daqui 15 anos, imagine daqui a cem...

2009/09/20

9 - Religiões - SIM




Aproveito Rosh Hashana e o fim do Ramadan pra dizer que quero que existam religiões, no plural, daqui a cem anos.

Se algum intelectual afirmasse isso há mais ou menos cem anos, não seria bem visto. Digo "intelectual" no sentido Europeu: homem branco culto que vivesse na França, Inglaterra, Alemanha ou arredores. Ali, onde surgiram as bases da civilização que eles mesmos denominaram Ocidental, a religião tornou-se coisa menor, foi destronada pela razão - objetiva, universal, absoluta. Dá até para entender porque tanta ojeriza em relação à religião. Foram séculos de dominação por uma Igreja Católica duríssima e violentas guerras religiosas entre os séculos XVI e XVII. Ok, entendi.

Mas o sentido que isso tinha há cem anos, já se perdeu. E há muitos cuidados a serem tomados para que não vivamos nos próximos cem anos uma ojeriza à ciência (confesso que eu mesma já sofro disso) e nem a super-valorização de uma religião voltada somente para o mundo material (que contrassenso...).

O padre João Batista Libânio analisa esse destronamento da religião no livro "A Religião no início do Milênio" (esse nosso agora 2 mil e tanto...). Entre tantas outras coisas ele escreveu: "A religião era a força integradora das sociedades humanas. O homem, como ser simbólico, tem necessidade de dar um sentido à vida em todas as dimensões. Constrói sistemas simbólicos religiosos como marco último e integrador das sociedades em que vive."

A razão, travestida de ciência, economia, trabalho, tomou esse lugar e tentou dar sentido a nossas vidas. Falhou. Vivemos perdidos, estressados, sem sentido, com a sensação de que algo está errado, algo não cola. e não cola mesmo. Pergunte por aí o que é felicidade para as pessoas. Eu já fiz isso e o que mais ouvi foi: família. A felicidade é a família e a pessoa fica mais de 12 horas por dia fora de casa em virtude do trabalho... Que sentido tem isso?

A religião não resolve essa questão, mas pelo menos permite que pensemos de forma mais ampla e, quem sabe, num futuro, que possamos agir de forma menos "racional" e mais sensata.

 

Cometi um erro, escrevi a religião e este post fala de religiões, no plural. Para que a religião construa sistemas simbólicos que nos unam (usando as palavras do padre Libânio) e que não se tornem uma camisa de força apertada como a mentaidade economicista tem se tornado, é preciso que existam religiões no plural. Somos diferentes, então é natural que tenhamos religiões diferentes. Vive la difference!

E numa feliz coincidência, exatamente hoje quando resolvi publicar este post, católicos, evangélicos, muçulmanos, judeus e, principalmente, seguidores de religiões de origem afro se reuniram na Praia de Copacabana na II Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. Cerca de 80 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, tomaram quase 1 km da orla. De acordo com a imprensa, tinha até ateu na caminhada. É isso aí, liberdade de ter fé em tudo ou em nada.

É bom saber que não se está sozinho no mundo. Como diria a socialite Milu, da novela Cobras e Lagartos: "A religião voltou à moda, assim como o tafetá!".

Figura: A regra de ouro de Norman Rockwell

8 - GeoCities - SIM




Este post é uma ilusão. Ou melhor, o registro de algo que para mim é um sinal preocupante. Gostaria que o GeoCities existisse daqui a cem anos.

Perceberam que eu usei o futuro do pretérito na frase anterior? Pois é... O GeoCities está se tornando coisa do passado. Hoje, me deparei com essa mensagem no site deles:

GeoCities is closing on October 26, 2009.

On October 26, 2009, your GeoCities site will no longer appear on the Web, and you will no longer be able to access your GeoCities account and files.
If you'd like to move your web site, or save the images and other files you've posted online, please act now by downloading your files or upgrading to Yahoo! Web Hosting. See details in the help center or upgrade to Web Hosting now for only $4.99 a month.
Os motivos são econômicos: "Decidimos descontinuar a assinatura de novos usuários para o GeoCities, porque nosso foco será ajudar nossos clientes a explorar e construir novos relacionamentos online de outras maneiras", informou o Yahoo em comunicado. "Como parte dos atuais esforços do Yahoo para construir produtos e serviços que propiciem a melhor experiência possível aos consumidores e os melhores resultados para os anunciantes, estamos ampliando os investimentos em algumas áreas e cortando em outras", afirmava o comunicado.

Li uma análise que considerou a medida um tiro no pé. Como se a Yahoo, que também demitiu 700 funcionários esse ano, quisesse "emagrecer" e, no lugar de fazer uma dieta e exercícios, mutilasse partes do corpo para perder peso. O fato é que a Yahoo comprou o GeoCities há uns dez anos por um preço altíssimo (vi números que variam de 2,8 bilhões de dólares a mais de 4 bi), era o auge das empresas .com. Isso passou, o Google cresceu e o Yahoo vem fazendo o que pode. E poderia ao menos ter vendido o Geocities no lugar de simplesmente acabar com ele... Mas quem sou eu pra dar palpite nessas coisas de mercado?

O que me preocupa é o significado desse fim. O Geocities é um dos serviços pioneiros de hospedagem de sites. Lá pelos idos de 1995 (você nem sabia o que era Internet nessa época, não é?), quem quisesse poderia construir uma página e publicá-la na word wide web utilizando a hospedagem e domínio. Era só escolher uma cidade e hospedar seu site lá. Por exemplo, se você tivesse um site sobre cinema o hospedaria em Hollywood (com um domínio super complicado). Mais tarde, os domínios se tornaram mais amigáveis. Mas esse começo com as cidades é memorável. No final dos anos 90, de acordo com O Globo em artigo já linkado acima, o serviço hospedava mais de 3,5 milhões de sites. A Yahoo colocou anúncios no site e uma marca d'água muito chata. Quem quisesse se livrar disso, tinha que virar usuário premiu, isto é, pagar. Foi o suficiente pra espantar a galera.

Eu mesma quase não lembrava do site. Mas hoje lembrei. Eu precisava colocar na rede uma animação (um gif animado) com uma música junto. Pensei em várias soluções e tentei algumas sem sucesso (transformar em vídeo - faltava o looping; fazer um show de slides - o looping ficou ruim; usar um blog - não dá para por música). E tive a brilhante idéia: fazer um html. Abri meu bloco de notas e fui lá, puxando do fundo da memória todos os códigos etc, etc, etc. Recorri à dicas na rede para colocar a música na página. E deu certo. Montei uma página lindinha com cara de página do fim dos anos 90.

Página montada e agora? Como eu poderia colocar o site na rede. Google: "hospedagem site grátis". O primeiro link, anúncio pega trouxa. O segundo, um cadastro enorme, para em seguida descobrir que era outro anúncio pega trouxa (não preenchi o cadastro, mas suponho que era pega trouxa...). E, finalmente, lembrei do velho e bom GeoCities!

E qual não foi minha surpresa ao entrar na página e ler o anúncio de fechamento. Surpreendente, chocante e triste. Sou do tempo em que a palavra livre ou free na língua internética era muito mais do que grátis. No GeoCities éramos livres. Livres para programar nossa página como bem entendêssemos. Não havia modelos pré-formatados, espaços para títulos, datas, nome de quem postou, perfil, minhas fotos, seção de arquivos e muito menos limites de caracteres para postagem. O GeoCities, apesar dos domínios horrorosos, era a própria liberdade e não essa liberdade formatada pelos serviços de blog, rede sociais e essa coisa estranha chamada twitter.

Por essas e por outras quero que daqui a cem anos já tenhamos superado essa fase de liberdade formatada e que as pessoas vivam de fato a liberdade. Uma liberdade que tem custos altos, como munir as pessoas do conhecimento necessário para manejar as ferramentas e fazer suas próprias escolhas, e que precisa ser planejada a longo prazo. Cem anos tá de bom tamanho.

2009/09/19

7 - Malhação - NÃO



Escrevo este post quando deveria estar correndo. Essa garoa fria me desestimulou e hoje não fui fazer minha malhação. Há alguns meses estou correndo por intervalos, isto é, corro um pouco, ando outro pouco, corro mais um pouco e assim por diante. Estou seguindo um planejamento de um podcast, a podrunner, e no último set que corri, foram 25 minutos de corrida seguidos!!! É impressionante, quando comecei não aguentava nem um minuto de corrida. Eu tenho curtido essa minha "malhação" atual, mas isso não é suficiente para mudar minha opinião: não quero que a malhação exista, como existe hoje, daqui a cem anos.

A nossa civilização escolheu caminhos muito estranhos. E um deles nos levou a mais essa insensatez: uma multidão que come muito mais do que gasta. Toda a evolução nos levou, por um lado, a uma fartura de alimentos e, por outro, a um estilo de vida "confortável". Elvadores, carros, janelas automáticas, supermercados e tantas outras facilidades afastam qualquer esforço físico das nossas vidas. E comemos, comemos e comemos. Para que mesmo? Se não precisamos de energia, pois tudo está à mão.

As academias são a materialização desse contrassenso. Gente que gasta pra não se esforçar durante o dia todo e paga para fazer esforço em algumas horinhas do dia. Sorry, mas acho isso muito ridículo. (Sem falar do um sexto da população mundial que mal tem o que comer).

Bem, em Roma, como os Romanos. Não sou mais forte que ninguém e, embora não use carro, também como mais do que o necessário pra essa minha vidinha besta. Conclusão, malho. Estou correndo, como disse no início do post. E estou gostando.

Esta semana vi na TV , uma entrevista com a maratonista Pretinha, que já foi vice-campeã da São Silvestre. Ela contou que começou a correr porque não tinha dinheiro para pagar o ônibus para ir ao trabalho. Todo dia ela andava de Taboão da Serra até o Shopping Eldorado, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Acho que são mais de 15 quilômetros de distância. Um dia uma pessoa que sempre a via andando perguntou: por que você não corre? E ela começou a correr, corria um quarteirão, andava outro, corria outro. Até que hoje ela corre mais de 30 quilômetros todos os dias!!! A mulher é uma super-heroína. E tem mais de 50 anos... Um dia eu chego lá, até parece! rs



Considero as atividades físicas muito importantes para o equilíbrio entre corpo e mente. Yoga, Tai Chi, Lian Qong são exemplos de atividades físicas originárias de outras civilizações e que trazem consigo princípios profundos e muito mais interessante do que um descompasso entre o consumo de calorias e seu gasto ou a imposição de uma estética padronizada. Também gosto dos esportes em geral, de atletismo a futebol, passando por artes marciais. Os eventos esportivos são muito importantes para a integração mundial. E só torcer também é muito bom.

Se exercitar é ótimo, mas podíamos tentar integrar os exercícios às nossas atividades diárias ou praticar esportes menos vazios que a pura malhação pela malhação.

2009/09/16

6 - Eletricidade - SIM


Uma vez li em algum jornal que fizeram uma pergunta a grandes pensadores de nossa época para saber qual a mais importante invenção que mudou nossas vidas no último milênio. Não sei qual foi o resultado. Dei uma busca no google, mas não achei a pesquisa "oficial", se é que existe uma. Achei várias listas top ten das invenções do milênio: incrível como tem gente que aposta na imprensa, outros apontam o calendário gregoriano (bah! prefiro os calendários luni-solares, mais ligados aos ciclos naturais) e há até gente que aponta a tabela periódica (adoro isso!).

Eu sou do time que aposta na energia elétrica. Os livros já existiam antes da imprensa. O que deveria ser destacado é o ensino em massa e não a produção de livros, porque sem a produção de leitores, nada aconteceria com a imprensa. Sabemos bem disso por aqui, onde alfabetização não significa saber, poder ou gostar de ler livros... Mas, deixemos os letrados com essa impressão de superioridade e voltemos à eletricidade.

Bom, eletricidade não é bem uma invenção. Como explica Hiroshi Sugimoto, autor das imagens acima, "a palavra eletricidade se origina do grego antigo elektron, que significa "âmbar." Quando sujeitas a fricção, materiais como o âmbar e peles produzem um efeito que hoje conhecemos como eletricidade estática. Fenômenos relacionados foram estudados no século XVIII, principalmente por Benjamin Franklin. Para testar sua teoria de que o relâmpago é electricidade, em 1752, Franklin empinou uma pipa em uma tempestade. Ele conduziu o experimento em grande perigo para si mesmo, na verdade, outros pesquisadores foram eletrocutados enquanto realizavam de experiências semelhantes. Ele não só provou a sua hipótese, mas também que a eletricidade tem cargas positivas e negativas. Em 1831, Michael Faraday formula da lei da indução eletromagnética levou à invenção de geradores elétricos e transformadores, que mudou drasticamente a qualidade da vida humana".

Essa mudança foi e está sendo revolucionária. Nossos transportes dependem de eletricidade, nossas lâmpadas, TVs, fornos de microondas, chuveiros, rádios, MP3s, câmeras fotográficas, câmeras filmadoras, geladeiras, caixas registradoras e, é claro, nossos computadores!!! Eeeeeee! Que livro que nada! Eu quero escrever eu mesma a minha história e deixá-la disponível para quem queira ler. Viva o computador, viva a Internet e vivam as ferramentas de publicação de conteúdo, como esse blog. E tudo isso só funciona porque existe eletricidade! (Ok, chips de silício também são importantes, mas fico com a eletricidade, pois ela já tinha causado muita mudança antes mesmo de pensarmos em micro-chips).

Não podemos esquecer que a produção de energia elétrica tem seus custos para a natureza. E às vezes esses custos são muito elevados. Mas em cem anos, espero que inventem modos menos danosos de produzir energia e, mais que isso, que consigamos nos organizar de forma menos centralizada produzindo energia localmente, minimizando danos ao ambiente e eliminando essa coisa doida que é o transporte de energia por milhares de quilômetros.

Vai saber também quais as consequencias aos nossos corpos de tanta exposição à energia elétrica... Há tantos outros tipos de energia importantes para nossa vida e os quais não dominamos. Talvez eles sintam a influência te tantos campos elétricos por aí, sei lá. Viajei na maionese, mas acho que é um ponto a se pensar.

Com menos danos à natureza e com suas influências sobre nossa saúde melhor definidas, quero que a energia elétrica (ou quem sabe outro tipo de energia...) continue sendo usada e gerada, de preferência localmente, daqui a cem anos!



Ah, falando em invenções do milênio vale a pena dar uma olhada no especial do New York times com as melhores melhores do milênio:
http://www.nytimes.com/library/magazine/millennium/m1/
http://www.nytimes.com/library/magazine/millennium/m2/
http://www.nytimes.com/library/magazine/millennium/m3/
e assim por diante até o 6. No terceiro tem até um poema do Fernando Pessoa... Interessante a coletânea.

2009/09/14

5 - Hospital - NÃO



Definitivamente, não quero que existam hospitais daqui a cem anos.

Ninguém merece ter que enfrentar uma jornada em um hospital, muito menos quem está doente. A pessoa já está debilitada e ainda tem que enfrentar uma série de procedimentos burros e prejudiciais à saúde.

Que sentido faz reunir um monte de gente doente no mesmo lugar? Dá mais conforto pro médico que não tem que se deslocar de um lugar ao outro para atender vários pacientes? Sorry, mas quem tem que ter conforto é o DOENTE. No hospital, doente tem é estresse. Uma burocracia imensa, médicos que sequer olham para o paciente, exames avançadíssimos, mas nem sempre confiáveis, pouquíssima informação sobre sua própria saúde... Se você precisar de um hospital, vai ter que ter muita fé.

Há muitas etapas nos procedimentos e muita gente envolvida. Médicos, enfermeiros, auxiliares são pessoas e não máquinas. É como um telefone sem fio, quanto mais gente na brincadeira, mais ininteligível é a mensagem que chega no final. É batata, na maioria dos procedimentos, há ruído. E ruído nessa comunicação pode representar uma dose de remédio errada, uma infecção hospitalar, um exame mal analisado ou até mesmo a amputação da perna esquera quando o problema é na direita. Socorro!

Uma vez vi em um filme americano uma cena em que a personagem estava passando mal em sua casinha numa cidade do interior. O médico da cidade foi até lá e todos disseram: "vamos levá-la ao hospital". E o médico disse: "Não, no hospital eles não vão fazer nada que nós não podemos fazer aqui". E a moça ficou em casa. Não me lembro se ela morreu ou não, mas achei a atitude do médico corretíssima. Conforto, aconchego, carinho, atenção tem tudo a ver com cura. Essas coisas passam longe de um hospital.

Se o caso é para cirurgia ou qualquer coisa do gênero, hospital nela! Mas não há cabimento uma pessoa ficar 15 dias internada tomando comprimidos que poderia tomar em casa só para que o médico passe lá uma vez por dia (quando isso), para olhar exames. Ele não pode fazer isso por Internet, não? Ou se o médico é dos bons, daquele que olha o paciente, toca, conversa com ele, ele poderia ir até o paciente. Que tal? Médicos, pensem nisso. Antigamente isso não era tão raro. Agora, há governos implantando programas tipo "médico da família". Não sei como funcionam, mas teoricamente a iniciativa é louvável.

O fim dos hospitais exige um bom planejamento, pois os hospitais são mais uma instituição que se formou guiada por valores que estão na base de nossa organização social como centralização, supremacia da ciência e minimização dos custos financeiros (em contas que consideram somente a operação do próprio hospital e não a saúde pública em geral).

Os profissionais de saúde já perceberam que esse lance de hospital é muito complicado para tratar de gente e começamos a ouvir falar em humanização. Isso é legal, ameniza o sofrimento de quem está internado, mas não vai resolver o problema.

 

Quero mesmo que daqui a cem anos não existam hospitais como existem hoje. Vejo a necesidade de centros de excelência para casos como cirurgias, que necessitam de salas esterilizadas, grandes equipes em um mesmo procedimento, etc, etc, etc. Mas para os casos mais rotineiros, vamos respeitar as pessoas e levar os profissionais de saúde até elas.

Escreveria cinquenta mil palavras ainda sobre o assunto, falando da desvinculação irreal e improdutiva entre medicina e fé, sobre a segmentação da medicina, sobre o monopólio do saber... Mas por enquanto, basta. Chega de hospitais.

*A foto acima é do Hospital Miguel Couto, no Rio de Janeiro, Jornal O Globo

2009/09/11

4 - Tutoriais - SIM


Adoro tutoriais e quero que eles existam daqui a cem anos!

A Internet é ótima, por vários motivos. Um deles são os tutoriais. Se você, como eu, é adepto da filosofia do "faça você mesmo" com certeza adora os tutoriais que estão na web. Dá pra fazer de tudo, desde consertar uma câmera de vídeo profissional a plantar maconha no armário (esse aliás foi o primeiro tutorial que eu vi na web, lá pelos idos da década de 90). E vem tudo explicadinho, nos mínimos detalhes. Há alguma dúvida? Alguém já perguntou num fórum e outro alguém já respondeu.

Mas há algo nos tutoriais que eu gosto mais do que esse lance de poder fazer qualquer coisa que eu quiser. O que me faz colocar os tutorias na lista de coisas que quero que existam daqui a cem anos é o "espírito" que existe por trás deles. Sempre que uso um tutorial penso: "como existe gente boa no mundo!". Pessoas que se dispõem a compartilhar seus conhecimentos a troco de compartilhar seus conhecimentos. Eu te ensino a fazer isso porque eu sei fazer, acho legal fazer e acho legal que você também faça. Maravilha! Não tem dinheiro envolvido, nem fama, nem sexo, nem drogas e nem rock'n roll. Bom, deve haver tutoriais de sexo e rock... Lembrei logo do Kama Sutra, quem sabe não foi um dos primeiro dos tutoriais de sexo da história da humanidade?

Hoje mesmo fiz uso de um tutorial e resolvi um problema elétrico no meu chuveiro. Ele não podia ficar muito tempo ligado, pois logo começava a cheirar queimado. Muito bem, entrei na rede e procurei por alguma coisa como "chuveiro cheiro queimado" e encontrei várias explicações. Uma delas foi muito convincente e vinha com um passo a passo para resolver o problema. Fui lá e fiz. Já tomei um bom banho para testar e está tudo nos trinques! Agradeço ao autor do passo a passo e o reproduzo aqui caso alguém esteja com o mesmo problema. :p

"Compre 02 conectores (diz para o vendedor que é pra conexão de chuveiro), o menor possível desde que os fios caibam nele. DESLIGUE A CHAVE GERAL ou a do CHUVEIRO, remova o que sobrou da fita isolante, desconecte, corte, limpe e faça uma nova ponta nos fios (cuidado pra não cortar muito curto), insira as pontas no conector depois de limpas. Aperte bem os parafusos e isole tudo com fita isolante. Ligue o disjuntor e verifique se tudo funciona normalmente antes de banhar-se!"

2009/09/10

3 - Novela - SIM



Estou assistindo ao penúltimo capítúlo da novela "Caminho das Índias" e é claro que eu digo: quero que existam novelas daqui a cem anos! Salve Glória Perez.

Não importa o suporte, se TV, se vídeo na Internet, se fotonovela, se jornais impressos, se livros ou até mesmo a fala, como fábulas contadas na beira da cama na hora de dormir... O que importa são as boas histórias que se entrelaçam, personagens que nos fazem refletir e um jeito de contar que prende e emociona.

Certamente novas mídias vão surgir em cem anos, mas as boas histórias - contadas de pessoa para pessoa ou mediadas novas tecnologias de comunicação - continuarão boas histórias. Hare baba! E que tenhamos com o que nos entreter e encantar dia após dia. Atcha!

2009/09/09

2 - Telemarketing - NÃÃÃÃÃO!



Definitivamente, não quero que existam serviços de telemarketing daqui a cem anos. Não sei nem se os telefones ainda existirão e torço para que os grandes conglomerados empresariais globais não existam mais, mas, mesmo se os dois persistirem, desejo muito que esse tipo de relação irritante e improdutiva não exista mais.

O telemarketing é um retrato da hipocrisia atual. As empresas adotam um sistema para manter os clientes (e suas reclamações) bem longe e chamam esse sistema de "serviço de atendimento ao consumidor". E os consumidores são atendidos por pessoas que não sabem do que estão falando, não têm responsabilidade e não podem fazer nada, pois são contratadas por empresas que nada têm a ver com a história.

Mas o setor emprega milhares de pessoas que não têm qualificações para outras funções, algum defensor do telemarketing vai alegar. Sim, mas que emprego é esse? Que condições de trabalho são essas? É tudo muito massacrante, desgastante. É o tipo de emprego que não desejo a ninguém. Ser humano e agir como máquina, ou melhor, como burro. Sem falar que não acho que o emprego, seja ele qual for, seja a mehor maneira de ocuparmos nossas vidas. Certamente, EMPREGO será uma das coisas que não quero ver daqui cem anos. Dessa forma, o fato de milhares de pessoas ganharem seu salariozinho trabalhando com telemarketing não me comove nem um pouco.

Daqui a cem anos, espero que as relações entre as pessoas sejam mais honestas. Que as todos sejam responsáveis pelos seus atos e suas palavras. Do jeito que a coisa está hoje, é muito fácil prometer mundos e fundos e depois sumir no mapa. O telemarketing é só a reprodução no mundo empresarial desse padrão de comportamento tão comum às pessoas de ma fé que nos cercam.

1 - Amazônia - SIM

 
Inauguro esta lista de maneira suave, sem polêmicas. Eu e a torcida do Corinthians (do São Paulo, do Palmeiras, do Flamengo e até do Fluminense) queremos que daqui a cem anos a Amazônia ainda exista. 

Motivos há de sobra. Segundo cientistas, a floresta tem papel importante no equilíbrio do clima mundial. Sua biodiversidade tem valor instimável - para os capitalistas, um valor que pode se converter em dinheiro, e, para o restante das pessoas, um valor que pode se transformar em  novos remédios, alimentos e tantas outras coisas que ainda serão descobertas. Há também as reservas minerais. Mas há que se pensar se daqui a cem anos estaremos ainda cavando a terra a procura de minérios (será que até lá não vamos conseguir nos virar com aquilo que já estraímos ou com outros materiais?). Há as bacias dos rios Tocantins
e Amazonas que representam a maior reserva de água doce líquida do planeta. A Amazônia é a casa, a terra sagrada, de mais 150 tribos indígenas (só no Brasil). Lá também moram o boto, a Iara, a caapora, o curupira, o Saci, o muiraquitã e tantos outros seres misteriosos que dependem da mata, dos rios e da imaginação da gente.


Enquanto eu digo: "Amazônia daqui cem anos", tem gente dizento "Amazônia para sempre". E é muita gente mesmo, só o movimento capitaneado pelos atores Cristhiane Torloni e Vitor Fazano, reuniu mais de um milhão de assinaturas até 2008. E há muitos outros, muitas entidades, muita gente lutando para que o devastamento sesse. Até o Rei Roberto Carlos já cantou pela preservação da floresta. E nós também estamos nesse coro.

Meu motivo pessoal para querer ver a Amazônia preservada* (e recuperadas) é: a Amazônia é linda! Viajar de barco pelas águas do Rio Amazonas é uma experiência que todas as pessoas um pouquinho mais ligadas à natureza deveriam ter. Curtir os sabores e ouvir os ritmos daquela terra. Sem falar nas histórias e na sabedoria de qualquer pessoa de lá. Precisamos todos ser um pouco mais "amazônicos". Quero ver a Amazônia no mundo daqui a cem anos, pelos seus bichos, suas plantas, suas águas e, principalmente, por sua gente.



* Preservação pra mim não significa estagnação e nem isolamento. Teremos oportunidades de discutir isso mais para frente.