2009/11/23

18 - Drogas - SIM



O nome é horrível, mas nem sempre substâncias capazes de alterar o juízo humano são tão prejudiciais assim. Estou falando mesmo de drogas alucinógenas, ou calmantes, ou excitantes, em suma, de produtos cujas propriedades químicas são capazes de alterar nossa percepção e dar barato.

Muitas culturas, inclusive a minha, usam esse tipo de substância em rituais. Os "ocidentais" usam o álcool a torto e a direito (muito mais a torto) nos rituais de fim da semana de trabalho, festas de casamento, batizados, funerais e até no café da manhã (dependendo do grau de dependência). Os índios tem o daime. Os hippies, o LSD; os baladeiros, o ecstasy; e os universitários, a maconha. Ah, e os que vão ao psiquiatra tem o prozac.

Uma coisa é fato: é válido recorrer a artifícios para ter novas experiências e ser feliz.

Depois dessa apologia às drogas, me bate uma dorzinha de consiência. Não porque muitas delas são ilegais, quem sabe como serão nossas leis daqui a cem anos? Se é que existirão leis até lá.

Mas a verdade é que há muita gente viciada em drogas e que perde a sua vida por causa delas. Só de alcoólatras, são de 10 a 30 milhões de pessoas no Brasil (dependendo da fonte). Imaginar essas pessoas não conseguindo fazer nada antes de tomar uma dose, dá dó. E imaginá-las agressivas, batendo em gente indefesa, dirigindo bêbadas e matando por aí dá raiva, muita raiva.

Pensando com a cabeça de hoje, com um Estado centralizador criador de leis e políticas públicas, chego a pensar na possibilidade da proibição do álcool. Alías, essa é uma boa pergunta: porque o álcool é liberado e a maconha não? Os problemas derivados do álcool geram ao Brasil gastos superiores a 15 bilhões de dólares ou 5% do PIB. A dependência do álcool é coisa pública e notória e seus estragos na saúde dos usuários e na sociedade são inegáveis. No entando, tá tudo liberado e a cerveja hoje é por minha conta!

Do outro lado, a ilícita erva do demônio. Vale a pena ler o texto de Walter Fanganiello Maierovitch publicado em vários sites. Separei um trechinho só pra dar um gostinho:

Para a alegria dos pais e das mães preocupados com vestígios deixados pelos filhos, nunca houve no planeta, até o momento, morte por overdose de maconha ou de haxixe. Evidentemente, o contrário sucede com a cocaína, a heroína e as drogas sintéticas, causadoras de overdoses fatais.
A dose mortal de maconha foi estimada em 4 quilos, segundo dados de laboratórios científicos, depois de experiências feitas com ratos. Ninguém no mundo reúne condições de manter um consumo ininterrupto de 4 quilos.Além disso, o denominado efeito-eficaz é conseguido com 1/10 de grama.

Sim, estou abertamente defendendo a liberalização da maconha. Se o FHC pode, eu também posso. E a galera da marcha da maconha também. Politicamente, faz muito mais sentido legalizar a maconha. Só quero ver quem vai subir o morro pra cobrar imposto, rs.

Como daqui a cem anos não sei se viveremos nesse mesmo tipo de organização política (ainda não pensei concretamente sobre isso, mas minha intuição me diz que quero uma organização menos centralizada, com responsabilidades mais ditribuidas), não vale aqui dizer qual droga deveria ser proibida ou liberada. Gostaria mesmo que daqui a cem anos esse tipo de pensamento nem fosse possível. Se a droga existe, não há porque proibi-la. Há motivos para não consumi-la? Sim, ela vicia, te deixa bêbado e agressivo, te faz esquecer as coisas, te faz bater em quem você gosta, te faz dar tiros em desconhecidos, te faz roubar o que não é teu, te faz perder a sua vida, tira sentido de tudo o que você conhece, afasta as pessoas de você e te deixa sem chão, então, foda-se que ela é legalizada, NÃO USE!!!!

Agora, se a droga te faz bem e aqueles que estão ao seu redor concordam com isso, então usa.

Quero que daqui a cem anos os seres humanos possam usar substâncias que alterem a atividade mental e que sejam prudentes o suficiente para fazer isso com responsabilidade. Que conheçamos nosso corpo, nosso mundo e que possamos cuidar de ambos!

Um comentário:

  1. Meu pai era alcoólatra. Morreu de câncer. Daqui a cem anos gostaria de ver as pessoas livres, livres das prisões das drogas!

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