2014/10/24

29 - Gaiola de passarinho - NÃO

Voltando, depois de longos e tenebrosos invernos, aproveito a primavera para dar o ar da graça :)

E, na primavera, as flores desabrocham, o tempo esquenta e os animais pululam de lá pra cá. Hoje, andando numa rua bem movimentada do Centro, ouvi um passarinho cantar bem forte. Parei, fiquei ouvindo. Olhei pra cima, na direção do som. Ele vinha da copa de umas árvores recentemente podadas. Até que... ele voou! E eu o vi. Lindo, um pássaro cinza meio azulado que depois de umas buscas no google eu suponho ser um sanhaço cinzento.



Já o tinha visto voando há umas quatro semanas. É bicho novo nessas paradas urbanas, que de uns anos pra cá vem se enchendo de novas espécies (o reinado absoluto e monopolista do pardal é coisa do século passado).

Das buscas no google acabei no youtube e vi vídeos lindos como esse: um ninho de sanhaços com 4 filhotinhos! e vídeos que mostram os sanhaços cantando lindamente, mas presos em gaiolas.

Meu avô tinha um canário lindo numa gaiola. Meu irmão, por muito tempo teve um canário. Um tio meu tinha curiós que ele tratava como filhos (em gaiolas). E eu mesma já comprei e dei passarinhos de presente. Um casal de mandarins (acho que é esse o nome da raça de passarinhos bem pequenininhos, preto e branco, com bico vermelho). Coloquei os dois numa gaiola e os pendurei na sala, perto da janela. Não duraram uma noite. Amanheceram mortinhos! Acho que não resistiram ao frio da noite... Fiquei triste com a morte dos bichinhos e com o presente mais micado que já dei na vida. Mas não foi ali que deixei de achar a gaiola uma má ideia.

Não sei precisar quando foi isso, mas acho que passei a me incomodar com gaiolas quando tive a oportunidade de observar mais os passaros em seu habitat natural: a cidade em que eu moro! hahaha. Sim, depois de ver os bichos voando no céu, construindo seus ninhos nas árvores, nos postes de luz, nos buracos nos prédios, procurando comida, ensinando os filhotes a cantar, caçando como gaviões ou fugindo dos gaviões, fica difícil encarar um bicho dessas preso num espacinho tão pequeno.

O pássaro é passaro no céu. É pássaro no voo que une o céu ao ninho. É pássaro quando busca palha ou quando busca comida. É pássaro quando canta e quando recebe em resposta o canto do companheiro lá da outra árvore.

Na gaiola, ele não é pássaro, é pássaro na gaiola, coisa muito diferente.

Nos vídeos que mostram os pássaros nas gaiolas, tem gente perguntando se eles estão a venda. Pois é. Esse interesse aponta para a mentalidade que está por trás do objeto gaiola de passarinho... uma mentalidade que espero já tenha sido superada daqui cem anos.




2010/08/06

28 - Luto - SIM

A morte é a única certeza da vida. Daqui a cem anos, quero que continuemos a morrer - esse post deveria se chamar "Imortalidade - NÃO" - e que saibamos lidar com isso

Quero muito, muito mesmo, que as sociedades existentes na Terra daqui a cem anos tenham uma compreensão elevada da vida e de seu sentido dentro de um universo que é maior do que o tempo e o espaço como conhecemos.

Seja a vida uma passagem entre um lugar e outro, ou não, o fato é que ela tem um começo e um fim. Às vezes parece que vivemos como se ela não fosse acabar nunca. Mas o fim sempre chega.

O que acontece com quem morre? Ninguém sabe, só quem já passou por isso. Mas o que acontece com os que continuam vivos é um sentimento de tristeza, saudade antecipada e eterna e uma incapacidade de fugir das perguntas que nos assombram quando nos despojamos de todas as futilidades as quais nos agarramos durante a vida. Nos distraímos para esquecer. Inventamos problemas para não pensar nas questões reais, naquelas que insistimos em acreditar que tenham resposta, embora ninguém nunca tenha de fato respondido. Sim, estou falando da boa e velha pergunta: "Qual o sentido da vida?.

A morte nos faz pensar nisso. Não há como escapar. Pensamos no enterro, no custos do cemitério, na funerária, em avisar os amigos e parentes, em mil coisas, mas não há como escapar: a questão está lá, no fundo de tudo. Fugir só pioraria as coisas. Fingir que a questão não nos aflige é como fingir que não se tem uma ferida, deixá-la lá, aberta exposta. Com o tempo, ela infecciona, cresce, dói, se torna insuportável.

Por isso, é importante respeitar o momento. Cuidar da ferida para que ela não infeccione. O luto é o momento de cuidar da ferida que não sangra, mas que faz jorrar as perguntas que não têm resposta.

Por mais que seja impossível responder, precisamos perguntar. No luto, perguntamos e, de alguma maneira, nos aproximamos da resposta.

Espero que daqui a cem anos continuemos a morrer e que as sociedades saibam respeitar o momento daqueles que continuam a viver. Que os rituais de luto existam e sejam peça importante no aprendizado dos vivos.

2010/03/28

27 - Geladeira - NÃO


Estes dias me deparei com um texto atribuído a Frei Beto. O texto conta que Carlinhos Brown passou a infância sem geladeira. E sem fome. Foi com a chegada do eletrodoméstico que eles descobriram a comida desnecessária e a fome. Fiquei pensando no assunto e decidi que seria interessante se daqui a cem anos não tivéssemos geladeira em casa.

Há muito tempo, conheci uma figura dessas que a gente acha que só existem nos livros ou nas histórias de matutos não muito confiáveis. Era o véio do mato, um homem velho (ou aparentemente velho), que vivia com sua longa barba branca (bem amarelada) em uma cabana no meio do mato. Entre as várias pérolas de sabedoria que ele compartilhou conosco, estava sua ojeriza à geladeira. Não tanto ao objeto em si, mas ao fato de comermos carne de bichos mortos há dias: "e essa carne podre fica na barriga fazendo gulugulugulu...".

Não deixa de ter sua razão. Sei que a temperatura baixa desacelera o processo de putrefação da carne, mas, ela continua se degradando, só mais lentamente... Basta esquecer de fazer a carne no dia certo pra ver como ela fica uns dias depois.

Eu, particularmente, não tenho nehum dilema ético quanto ao consumo de carne animal. O que me incomoda nessa história toda, é a forma com que os bichos são criados. Eles vêm ao mundo não para serem eles, mas sim, para serem nossa comida. Reproduzem, engoradam e são mortos só para nos alimentar.



Não sei se dá pra fazer um paralelo com a vida humana, mas eu penso que não seria um modo tão ruim de morrer, estar passeando pelo mato e ser pego por uma onça. Faz parte... Se não for ela, serão os vermes. O chato seria ser criado num espaço limitado, sendo alimentado por uma ração engordante especialmente preparada pelas onças e ser morta em um matadouro pra ir pruma prateleira de supermercado das onças... Eita vidinha besta, sô!

A mesma coisa para os bichos, ser comido por gente é um dos finais possíveis. Morrer para ser comido é ocupar sua parte na cadeia alimentar. O chato é viver como comida. Viver sem naturalidade e morrer com crueldade.

Nossa sociedade é muito louca. Fazemos as barbaridades, mas deixamos tudo que possa nos impactar emocionalmente bem longe de nós. A geladeira é a porta do matadouro que dá direto na nossa cozinha. Se temos problemas com o desmatamento e a criação extensiva de gado, a geladeira faz parte disso.


O ideal seria fazer como nossos avós, que pegavam a galinha no quintal, matavam, depenavam e cozinhavam na hora. Um dia ainda quero fazer isso, matar uma galinha e ver se tenho coragem de comer o bicho.


De fato, viver sem geladeira nos obrigaria a repensar nosso consumo de alimentos. É por essa e por outras que quero que daqui a cem anos não tenhamos geladeira em casa. Quero que a produção de alimentos seja descentralizada e que possamos ter frutas, legumes, hortaliças e carne fresca produzidos bem pertinho de nós, tendo consciência plena de tudo aquilo que colocamos para dentro de nossa barriga.

2010/02/02

26 - Carros - NÃO

 
Uaaaaa! Tô chutando o pau da barraca de novo! Abaixo o carro!!!

Explico: não é que eu não queira que haja carros daqui a cem anos, o que eu não quero é que nosso transporte diário seja baseado num veiculo como o carro: individualista, excludente e poluente.

O carro é muito mais do que um meio de transporte, ele é um símbolo dessa era que está com prazo de validade vencido. Não é a toa que um dos principais modelos de produção em massa foi idealizado por Henry Ford, fundador da Ford Motors. O carro é o sonho de consumo de 9 entre 10 homens que completam a maioridade (inventei esse dado, mas achei essa enquete nada científica que comprova a tese). O carro anda no asfalto, por isso a base de nosso transporte terrestre, inclusive de carga, é rodoviário e grande parte das ruas de nossa cidade são asfaltadas. O carro é movido a gasolina (no Brasil somos flex!!!), mas o resto do mundo depende do petróleo pra botar esses bichinhos pra funcionar e levar os filhos na escola, ir trabalhar ou ir pra praia.

Quantas crises do petróleo, quantas guerras nos países do oriente médio a gente não viu nesse último século? E essas chuvas doidas e alagamentos dos últimos anos? Dizem que essa mudança climática é culpa da emissão de CO2. Quem emite CO2? Quem? Quem? Os carros! (Nós também, mas o estrago da queima de combustíveis fósseis é maior...). E esse asfalto, então? O povo reclama da chuva e das enchentes. Canaliza o rio, asfalta o chão e quer que a água escoe por onde? Socorro.

Quer mais um motivo pra acreditar que o carro é um bom símbolopara nossa época? Olha só o ranking das maiores frotas de carro que eu achei aí na net: "foi publicada a lista das maiores frotas mundiais de automóveis. O ranking é liderado pelos EUA, com 244,4 milhões de carros, uma média de 1,2 unidade por habitante, seguido por Japão (75,8 mi), Alemanha (49,7 mi), Itália (39,8 mi), França (36,6 mi), Reino Unido (35,1 mi), China (31,5 mi), Rússia (31,2 mi) e Espanha (26 mi). O Brasil ocupa a décima colocação, com 25,5 milhões de veículos".

Alguma surpresa? Vai dizer aí que carro não é sinônimo de acumulação de capital?

E aqui no Brasil, para provar que estamos ficando ricos (ou pelo menos alguns de nós estão), as vendas de carro sobem sem parar. E para que as montadoras não sofram com a crise o nosso querido presidente ex-operário ainda abaixa o imposto sobre os carros novos para que as pessoas comprem e comprem! Só faltou mandar construir mais ruas pra caber tanto carro. Chama o Maluf pra construir mais uns 50 minhocões na cidade pra ver se o trânsito de São Paulo anda. Tá todo mundo doido. E há muito tempo!


Os dados da última pesquisa Origem/Destino, realizada pelo metrô de São Paulo, mostram que essa valorização do carro vai contra os hábitos atuais da maioria da população. Em 2007, um terço dos deslocamentos em São Paulo era feito a pé. E dos deslocamentos motorizados, 55% eram feitos em transporte coletivo. O carro é opção da menor parcela da população. Então porque ele é que é o foco principal de qualquer planejamento urbano? Será que é porque os políticos e arquitetos só andam de carro ou será que é porque eles só pensam em quem tem dinheiro (e hábitos pouco solidários).


Eu mesma evito andar até de ônibus na cidade de São Paulo. Ando em transportes que utilizam trilhos ou a pé mesmo. O trânsito, ou melhor, a falta de trânsito está insuportável. Esse privilégio de alguns, andar de carro, está tornando o deslocamento de todos impraticável. Não podemos deixar uma questão dessa, que envolve o direito público de ir e vir, nas mãos de pessoas que só pensam em si.

E qual a solução? Em meus desvarios, sonho com um meio de transporte individual mas de controle coletivo. Algo como cabines individuais com caminhos programados sobre trilhos. Dava até pra criar um post Julio Verne pra isso, se não fosse minha grata surpresa ao ver que cientistas (aqui no Brasil!!!) já estão estudando o Transporte Público Individualizado.

Enquanto isso não vira realidade, andemos a pé, de trem, de metrô ou de bike. Se você tem carro, deixe-o na garagem. Depois venda-o. Livre-se dele. Se eu que sou uma mocinha pobre e indefesa posso, você também pode.

Daqui a cem anos, quero acordar, abrir os olhos e ver que o chão não está coberto por asfalto, mas sim por mato. Não quero ouvir buzinas e roncos de motores, quero ouvir os passaros, ou o rio que passa ali do lado e que não foi canalizado para a construção de uma grande avenida. Quero ir e vir sem preocupação, sem depender da inteligência ou da boa vontade dos indivíduos que me cercam, sem ser individualista e sem ter que enfrentar o individualismo de cada um. Podem até existir alguns carros, para emergências e coisas do tipo. Mas quero, que daqui a cem anos, nosso meio de transporte - para distâncias maiores do que as pernas alcançam andando ou de bicicleta - seja coletivamente organizado, mesmo que individualmente utilizado.

2010/01/28

25 - Bancos - NÃO

Completo um quarto de nossa trajetória botando pra quebrar! Quero que daqui a cem anos não existam mais bancos!

Não sei se teremos ou não dinheiro, ainda não tenho posição definida a respeito disso, pois gosto muito do conceito do dinheiro, de uma moeda de troca, mas não posso ser hipócrita e fingir que não vejo que o uso que fazemos do dinheiro é a causa de grande parte dos problemas de nosso mundo atual... Buenas, vou deixar para discutir isso mais para a frente.

Por hoje, adoraria que em cem anos as pessoas achassem absurda a idéia de ter bancos: instituições que usam o dinheiro dos outros para fazer mais dinheiro, que vendem dinheiro a preços muito maiores do que ele vale, ou que, simplesmente, faz mais dinheiro a partir do dinheiro alheio e não distribuí essa colheita mágica a ninguém.

É muita loucura. Muita mesmo. Há muitos anos recebi um email que comparava os rendimentos da poupança com os juros cobrados de uma dívida feita com cheque especial. Num mesmo período, 100 reais investidos na poupança se tornariam 374 reais, enquanto 100 reais devidos em cheque especial virariam uma dívida de 139.259 reais.


De verdade mesmo, o que quero que não exista de jeito nenhum daqui a cem anos são os lucros abusivos.

Difícil isso, determinar o que é e o que não é abuso, mas basta olhar os cálculos feitos acima para ver que há abuso. Era bom inventar um índice, determinar o que é válido cobrar a mais por qualquer mercadoria que se for trocar com outra pessoa - mesmo que a mercadoria seja dinheiro trocado por dinheiro.

O ideal seria que as coisas fossem trocadas quando tivessem igual valor. Eu tenho galinhas e quero comer batatas. Você produz batatas e quer almoçar uma galinhada. Conversamos, conversamos, conversamos e pronto! Uma galinha minha por quatro quilos da sua batata. Fechado. Era assim nas feiras da idade média, ou pelo menos foi assim que minhas professoras de história disseram que era. Mas e se você não gostasse de galinha, eu ficaria sem meu purê de batatas? Ou teria que trocar minha galinha por açúcar de beterraba, já que você está precisando de açúcar de beterraba, e voltar lá e trocar o açúcar por suas batatas. Mas e se o produtor de açúcar não quisesse minha galinha? Aí eu tava ferrada. E quando o dinheiro começou a se popularizar nas feiras, meus problemas acabaram! Porque dinheiro todo mundo aceitava. Ele pode ser trocado por tudo, literalmente. Dinheiro pode ser trocado por batatas, por açúcar, por galinha, por carros, por gasolina, por serviço de telefonia, por luz elétrica, por conforto, por glamour, por sexo, por casamento e até por mais dinheiro!

Trocas são legais, muito legais. Tirar vantagem disso é que estraga tudo. E os bancos são a casa e o bordel desse dinheiro com muito valor e nenhum sentido, rei de todas as relações desiguais do mundo contemporâneo.

Pena que quem troque dinheiro por mais dinheiro sejam só os bancos (e os agiotas com capangas). E se você não dá lucro pra eles porque não pede dinheiro emprestado, dá lucro porque deixa seu dinheiro lá para eles aplicarem e ganharem mais do que te repassam e porque você paga taxas! Ê lará!

No Brasil, os bancos vêm tendo lucro recorde ano depois de ano. Itaú e Bradesco lucraram cerca de 6 bilhões cada um - cada um - no ano de 2009. De acordo com a empresa de consultoria Economática, o lucro do setor bancário supera até o lucro das cinco empresas do setor de petóleo e gás juntas. Dinheiro faz dinheiro! Falando assim dá até vontade de abrir um banco...

Mas é melhor pensar que eles podem deixar de existir. Seria um ótimo passo! Uma sociedade menos centrada no dinheiro e mais focada no valor real, ou de uso, das coisas. Mais focada no bem estar e em valores não materiais. Seria maravilhoso acordar daqui a cem anos e saber que bancos são coisas do passado, são símbolo de uma época estranha e distante em que os homens davam mais valor a um pedaço de papel impresso do que a seus amigos e familiares.

A cagada de 2008 foi um bom gancho para iniciarmos uma discussão sobre isso e repensarmos o papel dos bancos dentro da nossa sociedade. È... bom... teria sido, né? Visto o esforço que os governos fizeram para salvar os bancos, parece que ninguém está interessado em repensar isso por enquanto.

2010/01/25

24 - Anger eliminator - SIM














Apesar do número propício, deixarei para falar sobre (homo) sexualidade depois (acho ate que já falei em sexo antes, não?).

Este é mais um post da categoria Julio Verne, agora em cores e com équio! Quero que daqui a cem anos exista algo o "anger eliminator" (bem ao estilo tabajara).

Seus problemas acabaram! Alguém pisou no seu dedão? Seu namorado sempre olha para outras garotas? Sua sogra acha que tudo o que você faz é errado? O atual de sua ex é muito mais bonito que você? O Arnesto te convidou prum samba, mas num tava e nem ponhô um recado na porta? Calma, amigo! Seus problemas acabaram!

Daqui a cem anos, ao alcance de todos estará o "anger eliminator", pra acabar de veiz com sua réiva!

Chega de arrancar os cabelos ou ficar roxo de raiva. O "anger eliminator" é um sistema revolucionário! Vários bonecos em uma praça pra você chutar e bater à vontade. Ou qualquer coisa do gênero. O importante é ter um espaço coletivo e público para poder colocar essas energias para fora. Nos casos mais graves, uns brinquedinhos que dão choque elétrico também são recomendados.




A idéia é que tenhamos lugares para gastar energia. Que a raiva seja entendida como um sentimento natural e que, se acumulado ou mal direcionado, pode causar estragos enormes. Não vou fazer fofoca, mas essa semana vi um caso bem desastrado de raiva descontrolada e atirada em cima de pessoas que nada tinham a ver com o assunto. E como não quero que daqui a cem anos as pessoas resovam seus problemas no braço (esse tipo de violência não leva a nada), sugiro um espaço específico pra isso.

Minha esperança é que a raiva seja assumida como um sentimento pelo qual muitos de nós passamos. Assumamos a raiva e saibamos conviver com ela. Só assim, também, seremos capazes de minimizá-la.

Enquanto o "anger elimanor public and funny space" não é criado, podemos recorrer aos conselhos do psicólogo Lloyd Thomas, são conselhos do tipo, respire fundo e conte até 10. Bom, eu ainda prefiro bater em um boneco, de preferência gritando e em público. hehehe. Ah, tem um filme chamado "Anger Management" que eu nem conhecia... Quando ele passar na TV aberta eu vejo.

23 - Advogados - NÃO



Nada contra as pessoas que optaram por ter essa profissão. Tenho, sim, várias ressalvas ao sistema que faz necessária a existência desses profissionais.

Acho muito absurdo que precisemos recorrer a outras pessoas para nos defendermos (seja de acusações que fazem contra nós, seja defendendo nossos direitos contra outras pessoas que não os respeitam).

Vivemos sob um sistema jurídico muito complexo. É tanta lei que a galera estuda quatro anos pra ser advogado e não aprende tudo.

Só de códigos federais, são 21 mais a CLT.  Vai casar? Tá lá no Código Civil. Vai até ali? Siga o Código de Trânsito. Ah, vai de avião? Tem o Código Brasileiro de Aeronáutica. Vai bater no seu filho levado? Opa! Tem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Vai pedir demissão? Olha a CLT. Vai comprar papel higiênico? Não se esqueça do Código de Defesa do Consumidor. Cansou de tudo e vai votar direito dessa vez? Código Eleitoral neles!



E parece que eles fazem de propósito. De quantas dessas expressões vc sabe o significado?
  1. ação cautelar, 
  2. agravo de instrumento, 
  3. deferimento, 
  4. ex nunc, 
  5. embargos de declaração, 
  6. habeas corpus, 
  7. jurisprudência,
  8. liticonsórcio,
  9. peculato,
  10. Princípio da Insignificância (crime de bagatela)
A maioria dos termos foi retirada do Glossário do Supremo Tribunal Federal. Confira lá os seus acertos, cada um vale um ponto. Se você fez de 6 a 10 pontos: parabéns! Já pode prestar OAB. Se fez 5 pontos e não fez ou faz faculdade de direito: muito bom! Você é um bom cidadão, apto a conhecer as leis (ou metade delas, já que fez 50%). De 0 a 4 pontos: não se desespere, pois a idéia é essa mesmo, que você não entenda as leis e por isso precise de advogados.

Opa! Como assim? A idéia não é que eu viva de acordo com a lei? Então porque ela é tão difícil de entender, tão vasta, tão aparentemente distante do nosso rélis mundo não-jurídico. Boa pergunta. E eu continuo. De que servem regras se elas não são conhecidas? Quantas infrações eu ou você não cometemos por puro desconhecimento da lei?

Quero um sistema legal mais simples daqui a cem anos (sim, acredito na necessidade de regras explícitas, mas claras e acessíveis). E se pudermos nos defender (ou atacar) legalmente sem a necessidade de um profissional, vai ser um sinal de que esse objetivo foi alcançado.

2010/01/16

22 - Maturidade - SIM




Ando me sentindo velha ultimamente. Um pouco porque, de fato, já não sou mais nenhuma criança. Outro tanto porque tenho andado com gente mais jovem. Engraçado, estou acostumada a ser sempre a mais nova do grupo...

Agora que me encontro no outro extremo, vejo que existe uma coisa que só o tempo e a experiência nos dão: a maturidade. Cara, isso é muito bom! É bom já ter percorrido um caminho. Já ter feito um exercício várias vezes. Já ter passado pelas situações. Isso nos confere uma calma incrível. Estou inclinada a dizer que a maturidade tem um quê de sabedoria.

Já escrevi aqui que quero que daqui a cem anos os idosos sejam respeitados. Nesse post, eu vou um pouco além, quero que daqui a cem anos a maturidade seja valorizada.

Hoje em dia, todos querem ser jovens, parecer jovens, fazer bobeiras como jovens, meter os pés pelas mãos como jovens. Juventude é legal. Tem muita adrenalina, muitas emoções a flor da pele, muitas dscobertas, muita vida pela frente. Mas as outras fases da vida também tem o seu encanto. É legal arrumar um namoradinho e ficar aflita esperando um telefonema ou uma mensagem. Mas é mais legal ainda conseguir prever o desenrolar da história, sem afobação, sem ansiedade, apenas com poesia, contemplação e sabedoria.

Maturidade vem com responsabilidade e é até mais difícil que a juventude, mas dói menos. Pelo menos enquanto o reumatismo não vem. rs






2009/12/28

21 - Silêncio - SIM








Alguém colocou um relógio de ponteiros para funcionar no meu quarto. Ele está pendurado em uma parede, mas quando fui dormir, parecia que ele estava do lado da minha cama. Era um tic-tac-tic-tac muito chato... O engraçado é que, de manhã, eu mal ouvia o barulho do relógio. O ruído da cidade é tão grande, que o barulhão que não me deixou dormir virou um barulhinho quase imperceptível.

Será que essa barulheira toda a que somos submetidos e que simplesmente ignoramos não faz mal? Cientificamente, eu não saberia responder. Mas tendo a acreditar que sim. Que o som do ambiente que nos cerca de alguma forma age sobre nós, sobre nosso estado de espírito, sobre nosso humor, sobre nossa saúde.

Que vontade de voltar pro meio do mato, só pra ouvir o ruído do vento nas plantas, da chuva chegando, dos pássaros, dos sapos e até da fofoca dos vizinhos. Cidade do interior tem disso... Eu quero que daqui a cem anos, seja lá qual for a configuração dos agrupamentos humanos, possamos viver com menos ruidos de máquinas, carros, alarmes disparados e sei lá mais o que. Que o silêncio que nos rodeie seja o som das matas, das praias e dos desertos.

2009/12/26

20 - Cachoeiras - SIM!


Acabo de voltar da Chapada dos Veadeiros e afirmo com todas as letras: quero que daqui a cem anos existam cachoeiras, de preferência, as mesmas que existem hoje!!!

Durante anos nossa "civilização" se considerou apartada, separada, isolada da natureza. Pior que isso, o homem se considerava superior a todo esse negócio de natureza. Tá certo! Somos superiores e podemos fazer tudo o que nossa ciência e nosso capital permitem. E depois guenta enchente na marginal, desmoronamento e aquecimento global.

(Fui boazinha ao usar o pretérito imperfeito acima... sei que grande parte das pessoas ainda pensa assim, mas tenho fé de que as coisas irão mudar).

Para que as cachoeiras permaneçam, temos que nos ver como parte desse mundo. Não como os donos, os superiores ou as pragas, mas como mais uma espécie a habitar esse planeta. Uma espécie que se diferencia das outras por seu poder de destruição e que pode passar a se diferenciar por suas ações voltadas a conservação, da espécie e do planeta.

Sim, eu quero energia elétrica. Mas vamos minimizar os efeitos do represamento necessário para a construção de hidroelétricas. Nossa legislação é bastante avançada em relação a isso. Vamos cumprir a lei. E mais para frente, quando outras tecnologias estiverem mais desenvolvidas, quando a produção de enrgia for menos centralizada, vamos evitar alterar cursos de rio e inundar terrenos. Depois a gente acaba sofrendo as consequências. A enchentes nas marginais dos rios Pinheiros e Tietê são um exemplo dessa conta cobrada a longo prazo. Ambos foram canalizados no início do século XX para alimentar a usina Henry Borden, construída pela empresa canadense Light em Cubatão. Depois a culpa das enchentes é do lixo ou da prefeitura (tb é, mas o buraco é bem mais embaixo).

Por essas e por outras, acho que é melhor evitar ao máximo mexer com as águas. Elas moldam a terra e permitem a vida na face da Terra. Devemos respeito a elas. Deixemos as cachoeiras lindas como estão. E tomemos muitos banhos sob elas!!!

2009/11/26

19 - Confiômetro - SIM


Inauguro aqui a categoria de desejo Julio Verne. Aquele desejo de algo que não existe, mas que um dia pode vir a existir caso um conjunto de circunstâncias e uma mente brilhante se encontrem no momento certo!

Então lá vai: quero que daqui a cem anos exista o Confiômetro. Não o site que existe hoje (se ele existir daqui a cem anos td bem). O Confiômetro de que estou falando é um aparelho, ou uma capacidade mental desenvolvida, que indica o quanto uma pessoa é confiável.

Baseado em cálculos complexos e no acompanhamento ininterrupto de todos os atos e falas da pessoa desde que nasce, o Confiômetro indica o nível de confiabilidade do indivíduo em determinadas situações.

Por exemplo: se na hora de se despedir um homem vira para uma mulher e diz: "eu te ligo", o confiômetro apita e mostra o nível vermelho de confiança. Pi, pi, pi! Não acredite! Mentira, mentira, mentira!

Se em outra situação ele diz: "isso nunca me aconteceu antes" e o confiômetro pode indicar verde, vermelho ou amarelo, de acordo com a credibilidade da infomação.

Esse aparelho é muito útil em qualquer tipo de negociação, não só nas amorosa. Pra fazer negócios, emprestar dinheiro, alugar apartamento, escolher em quem votar. ouvir conselhos, escolher amigos etc, etc, etc.

Além de índicar o índice de confiabilidade em situações específicas, o Confiômetro também tira uma média e calcula o índice total de confiabilidade da pessoa. Assim, logo que vc conhece alguém, já vai saber o que pode e o que não pode dizer para aquela pessoa.

Quero esclarecer que não acho que o problema do mundo seja a mentira em si. A mentira existe e é um artifício útil em muitas situações. O problema é que a gente acaba acreditando na mentira e aí, ferrou. Nossa sociedade mesma é construída sobre uma base de muitas mentiras que, a princípio, todos sabiam que era mentira e concordavam com isso porque o jogo era interessante. Com o tempo, esse acordo tácito morreu, mas as mentiras continuaram como se fossem verdade. Duraram o tempo que conseguiram aguentar. Algumas já caíram, outras estão caindo e outras vão permacer como verdade por muito tempo ainda.

A mentira pode existir, a gente é que não pode dar a ela valor de verdade.

Por isso, quero que daqui a cem anos exista o Confiômetro, para que as pessoas não confiáveis continuem mentindo sem que ninguém seja prejudicado por isso.


2009/11/23

18 - Drogas - SIM



O nome é horrível, mas nem sempre substâncias capazes de alterar o juízo humano são tão prejudiciais assim. Estou falando mesmo de drogas alucinógenas, ou calmantes, ou excitantes, em suma, de produtos cujas propriedades químicas são capazes de alterar nossa percepção e dar barato.

Muitas culturas, inclusive a minha, usam esse tipo de substância em rituais. Os "ocidentais" usam o álcool a torto e a direito (muito mais a torto) nos rituais de fim da semana de trabalho, festas de casamento, batizados, funerais e até no café da manhã (dependendo do grau de dependência). Os índios tem o daime. Os hippies, o LSD; os baladeiros, o ecstasy; e os universitários, a maconha. Ah, e os que vão ao psiquiatra tem o prozac.

Uma coisa é fato: é válido recorrer a artifícios para ter novas experiências e ser feliz.

Depois dessa apologia às drogas, me bate uma dorzinha de consiência. Não porque muitas delas são ilegais, quem sabe como serão nossas leis daqui a cem anos? Se é que existirão leis até lá.

Mas a verdade é que há muita gente viciada em drogas e que perde a sua vida por causa delas. Só de alcoólatras, são de 10 a 30 milhões de pessoas no Brasil (dependendo da fonte). Imaginar essas pessoas não conseguindo fazer nada antes de tomar uma dose, dá dó. E imaginá-las agressivas, batendo em gente indefesa, dirigindo bêbadas e matando por aí dá raiva, muita raiva.

Pensando com a cabeça de hoje, com um Estado centralizador criador de leis e políticas públicas, chego a pensar na possibilidade da proibição do álcool. Alías, essa é uma boa pergunta: porque o álcool é liberado e a maconha não? Os problemas derivados do álcool geram ao Brasil gastos superiores a 15 bilhões de dólares ou 5% do PIB. A dependência do álcool é coisa pública e notória e seus estragos na saúde dos usuários e na sociedade são inegáveis. No entando, tá tudo liberado e a cerveja hoje é por minha conta!

Do outro lado, a ilícita erva do demônio. Vale a pena ler o texto de Walter Fanganiello Maierovitch publicado em vários sites. Separei um trechinho só pra dar um gostinho:

Para a alegria dos pais e das mães preocupados com vestígios deixados pelos filhos, nunca houve no planeta, até o momento, morte por overdose de maconha ou de haxixe. Evidentemente, o contrário sucede com a cocaína, a heroína e as drogas sintéticas, causadoras de overdoses fatais.
A dose mortal de maconha foi estimada em 4 quilos, segundo dados de laboratórios científicos, depois de experiências feitas com ratos. Ninguém no mundo reúne condições de manter um consumo ininterrupto de 4 quilos.Além disso, o denominado efeito-eficaz é conseguido com 1/10 de grama.

Sim, estou abertamente defendendo a liberalização da maconha. Se o FHC pode, eu também posso. E a galera da marcha da maconha também. Politicamente, faz muito mais sentido legalizar a maconha. Só quero ver quem vai subir o morro pra cobrar imposto, rs.

Como daqui a cem anos não sei se viveremos nesse mesmo tipo de organização política (ainda não pensei concretamente sobre isso, mas minha intuição me diz que quero uma organização menos centralizada, com responsabilidades mais ditribuidas), não vale aqui dizer qual droga deveria ser proibida ou liberada. Gostaria mesmo que daqui a cem anos esse tipo de pensamento nem fosse possível. Se a droga existe, não há porque proibi-la. Há motivos para não consumi-la? Sim, ela vicia, te deixa bêbado e agressivo, te faz esquecer as coisas, te faz bater em quem você gosta, te faz dar tiros em desconhecidos, te faz roubar o que não é teu, te faz perder a sua vida, tira sentido de tudo o que você conhece, afasta as pessoas de você e te deixa sem chão, então, foda-se que ela é legalizada, NÃO USE!!!!

Agora, se a droga te faz bem e aqueles que estão ao seu redor concordam com isso, então usa.

Quero que daqui a cem anos os seres humanos possam usar substâncias que alterem a atividade mental e que sejam prudentes o suficiente para fazer isso com responsabilidade. Que conheçamos nosso corpo, nosso mundo e que possamos cuidar de ambos!

2009/11/18

17 - Más companhias - Não


Explico, gostaria que daqui a cem anos tivéssemos algum tipo de organização social que nos permitisse manter a nossa volta pessoas com quem nos damos bem. Ótimo, isso hoje já é possível. Mas, da forma como a gente organiza a vida hoje, somos obrigados a conviver com pessoas que não nos fazem bem.

Convivência é tudo. E as pessoas que a gente mantém perto de nós (mesmo que virtualmente) são o que fazem isso tudo valer a pena. Grandes craques de futebol fazem gol pra mãe, pra esposa, pro pai... Doutores dedicam as teses aos pais ou cônjuges... Astros querem saber o que os amigos acharam da sua atuação e assim vai. E por que muita gente passa a maior parte do seu dia rodeado de pessoas com as quais não tem afinidade, não tem carinho, não tem afeição? Porque alguma coisa está errada. Porque, em algum momento da história disso que é chamado Ocidente, abrimos mão de tomar conta da nossa própria vida. Abrimos mão da nossa vida.

Abrir mão talvez não seja o melhor termo. Seria mais certo dizer que vendemos nossa vida, ou parte dela. Vendemos nosso tempo. Costumamos chamar isso de trabalho e achamos que vendemos nossa força de trabalho, nosso produtividade. Sim, mas a maioria vende mesmo é o tempo. Poucos são aqueles que de fato se comprometem a realizar trabalhos. Emprego formal na nossa sociedade quase sempre é venda de tempo.

E se você vendeu seu tempo, meu amigo, se ferrou. É quase como se tivesse vendido sua alma ao diabo. Você não é mais dono dela. Durante o tempo que você está "na firma" você pode ser submetido a tudo de maus chefes a maus companheiros de trabalho. Sendo só um empregado, você não tem o direito de escolher com que tipo de pessoa vai gastar a maior parte do seu dia.

Você tem uma turma de trabalho muito legal? Nos finais de semana é com eles que você quer estar? Os happy hours são animados? Parabéns! Você foi premiado!

Ah, você é o dono do negócio? Então escolha bem seus funcionários, pois eles serão mais do que aqueles que te trarão dinheiro, mas serão aqueles que estarão por perto sempre. E escolha bem seus clientes também. Porque de que adianta ser o dono se você vai se submeter às mesmas humilhações e situações estressantes e desgastantes porque o cliente "tá pagando"? Coragem, meu filho. Selecione seu público. A vida é muito mais que dinheiro.

Daqui a cem anos, as pessoas deveriam ter a consciência clara de que a vida não é só dinheiro. E deveríamos ter o direito de decidir com quem vamos passar o nosso tempo aqui no planeta. Já fazemos isso quando nos apaixonamos, montamos famílias. Por que não podemos fazer isso no restante do tempo. Garanto que a gente seria muito mais feliz.

2009/11/06

16 - Competições esportivas - SIM



Quando grandes times de futebol brasileiros começam a fazer cem anos, é hora de olhar para frente e dizer: quero que daqui a cem anos ainda existam competições esportivas. Não só de futebol. Vale tudo!, inclusive o vale tudo.


Poderia argumentar, como tantos devem estar fazendo agora que o Brasil será sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que esses eventos esportivos são muito lucrativos. Mas o caso aqui não é dinheiro. O grande lance do esporte são as relações humanas.

Fui descobrir o esporte já adulta. Quando criança, até jogava alguma coisa, mas confesso que a aula de educação física não era a minha favorita. Na hora em que os times eram escolhidos, eu nunca era das primeiras a ser chamadas, também não era a última.

Só depois de grande, quando procurei esportes em busca de boa forma, descobri como é interessante o ambiente esportivo. Você é o que você é. Você é o seu desempenho ali e nada mais. Ninguém te pergunta de onde você veio, qual seu trabalho, quanto você ganha ou sua religião. Claro que estou falando de um ambiente muito especial, em que as pessoas estão interessadas no esporte em si. Todos com um mesmo interesse, não importa quem seja ou como chegou ali. É muito bom não ser julgado.



Hoje tive a oportunidade de conhecer o time de basquete em cadeira de rodas Águias. Os caras jogam muito! E tem histórias incriveis. Conversei com Nilton (da foto de abertura) e Heriberto (de costas na foto acima). Os dois perderam os movimentos das pernas ainda adolescentes e com isso, perderam o gosto pela vida. Foi jogando basquete que eles voltaram a viver. E hoje são profissionais, vivem disso e estão na seleção representando o Brasil nos para-pan e nas para-olimpiadas. Parabéns pra eles! E para todos que se dedicam ao esporte. A vida é isso: sentido e felicidade.

E pra que mais e mais gente possa se dedicar ao esporte sem culpa, bora fazer mais e mais campeonatos. Se daqui a cem anos ainda vivermos no Capitalismo, então que hajam esses grandes campeonatos que fazem muuuuuuuuuuito dinheiro e vários outros que só dão sentido à vida das pessoas. Se já tivermos superado essa fase, que tenhamos muitos e muitos campeonatos esportivos e até eventos não-competitivos (será que estaremos tão evoluídos que teremos outros estímulos que não a competição e o dinheiro? Adoraria! rs).

2009/11/04

15 - Hierarquias ilógicas - NÃO


Quem nunca se deparou com um chefe incompetente? Provavelmente, quem é chefe. Fora isso, todo o resto da humanidade já se viu sob o comando de alguém que não tinha nem habilidade e nem mérito para comandar. Pode ser seu chefe no trabalho, seu irmão mais velho, um professor deslocado, ou somente alguém que chegou primeiro no local e se acha no direito de dar ordens que, visivelmente, não levarão a lugar nenhum. Gostaria que daqui a cem anos ninguém tivesse que passar por isso.
Isso significa que temos que reorganizar toda nossa estrutura social, não é só uma questão do mundo do trabalho, ou da produção material. Mas não acho algo impossível para daqui a cem anos. De fato, não sei se estruturas anarquistas ou comunitárias funcionam (preciso conhecer melhor o assunto). Mas acredito que um sistema de mérito, isso é, merecimento por uma capacidade reconhecida dentro de uma comunidade, seria o melhor caminho para definirmos quem comanda (e não quem manda) em qualquer situação. Hoje é um samba do criolo doido e quem manda é quem está no lugar certo e na hora certa, infelizmente, muitas vezes não é a PESSOA certa.
Espero que daqui a cem anos tenhamos estruturas sociais mais justas, menos ligadas a essa mentalidade insana de acumulação de propriedade privada que cria situações que realmente não tem nada a ver. (comecei falando bonito e esculhambei, hahahah)

14 - Energias limpas e renováveis - SIM


Há algum tempo postei que gostaria que existisse energia elétrica daqui a cem anos. Continuo apostando nisso, mas tenho que fazer uma importante observação. É preciso investir em novas fontes de energia renováveis e menos poluentes. Como brasileira, não atentei a isso no outro post, pois a maior parte de nossa energia elétrica é produzida por usinas hidro-elétricas. Mas essa não é a situação mais comum no mundo. A maioria da energia elétrica consumida no mundo é produzida através da queima de combustíveis fósseis, não renováveis e altamente poluentes. Isso significa que, se queremos que exista humanidade e energia elétrica daqui a cem anos, precisamos mudar drasticamente a forma de produção dessa energia. Além das hidro-elétricas, que têm um impacto ambiental considerável, já há tecnologia para se produzir energia elétrica a partir da energia do Sol e também dos ventos. Em cem anos, outras formas limpas e menos custosas para nossas vidas devem surgir. Só teremos humanidade e energia elétrica juntas daqui a cem anos, se essas formas de produção de energia forem adotadas.

PS: Acabei de reler o post sobre eletricidade e já tinha sim atentado para a importância das fontes de energia limpas e renováveis. De qualquer jeito, deixo aqui o reforço.

2009/11/03

13 - Idosos respeitados - SIM


Existe uma qualidade que só se conquista com o tempo: a maturidade.
Vivemos hoje tão ligados ao instante que esquecemos que o tempo passa.
Esquecemos que não seremos eternamente jovens - essa juventude tão valorizada.
E nem percebemos as vantagens dessa coisa chamada tempo que não para de passar.
A mautridade é a maior vantagem individual que tiramos do tempo.
Muitas vezes vejo gente tentando inventar a roda. A idéia é de fato genial, mas é difícil fazer, né? Hellooooow, já fizeram várias rodas por aí, porque você não pergunta pra quem já fez?
É isso aí, mais do que respeitar os mais velhos porque eles construiram o mundo em que a gente vive ou nos deram a vida, espero que daqui a cem anos as pessoas saibam valorizar a sabedoria que provém da experiência (se eu estiver viva, quero ser respeitada! hehehe)

2009/10/01

12 - Coca-cola - NÃO



Ok. A coca pode ser ruim. Mas esse blog é ótimo: http://www.coca-colaconversations.com/my_weblog/


2009/09/24

11 - Pesca com bomba - NÃO



Minha vontade hoje era falar de guerra. De como o ser humano pode ser estúpido e cometer atos de violência contra outros seres humanos por motivos que não dizem respeito nem a quem joga a bomba e nem a quem explode com ela.

Por volta das 12h40, estava em casa com meu pai e minha mãe. Estávamos conversando, em nossa rotina normal, quando de repente a janela começou a tremer. Fazia um barulho semelhante a um enorme trovão se aproximando. Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. Ficamos estáticos. Os segundos foram eternos. Até que ele chegou. Um estrondo enorme. Um trovão rouco e poderoso. Uma explosão.

Naquele momento, o que me veio à cabeça foi: bomba atômica. Como não havia mais barulho de explosão, abrimos a janela e vimos uma enorme coluna de fumaça branca mais alta que um prédio de vinte andares. Não sei precisar a altura, porque quando vi achei que a explosão tinha sido a três quarteiros de casa. Me enganei, foi a mais de 15 quarteirões.

Foi a explosão mais forte que já senti e a cena de guerra mais impressionate que já vi.

Já estive em zonas de guerra, mas as cenas de guerra que mais me chocaram vi mesmo em São Paulo. A primeira foi decorrência dos ataques do PPC em 2006. No dia seguinte aos primeiros ataques, vi uma agência bancária destruída e queimada como se tivesse explodido, com um carro dentro. (Parecido com a imagem aí do lado).

A segunda cena de guerra vi há menos de um mês. Policiais com arma em punho, um dando cobertura para o outro, avançando em direção à favela de Heliópolis. Ao fundo, um ônibus atravessado na rua e muita fumaça. Rolou um medo de levar uma bala perdida. Aliás, o motivo do conflito entre moradores e policiais foi a morte de uma adolescente vítima de bala perdida (ou achada, como dizem).

E hoje, a mais assustadora de todas. O ar vibrando e o grande estrondo. Saí as ruas para ver se descobria o que tinha acontecido e vi os helicópteros da polícia e da TV chegando. A informação veio por eles: uma loja de fogos havia explodido. Até o momento, duas pessoas morreram.



Foto feita por Elenice Santim, vizinha do local, publicada no G1

A imprensa seguiu cobrindo o assunto dando o seu show de costume. Engraçado que eles têm tanta tecnologia a seu favor, mas ainda não aprenderam a ouvir. Em uma das coberturas especiais, aquelas que duram horas ao vivo, a apresentadora estava falando com espectadores que ligavam para dar o seu relato. Até então, eles estavam dizendo que o local além de loja de fogos seria também uma fábrica de fogos. Foi quando ligou um ex-morador do local e cliente da loja. Ele contou algo que me deixou boba. Ele disse que comprava lá bombas para pesca. BOMBAS PARA PESCA. E eu que nem sabia que se pescava com bombas... Ele disse que as bombas são poderosíssimas, que explodem quando estão submersas e levantam uma coluna de água de 20 metros. VINTE METROS.

Não levei muita fé. Até que achei esse vídeo e seus amiguinhos no youtube:


Amigo, são 12 quilos de dinamite pra fazer esse geiser jorrar. Não entendo nada de explosivos, mas se uma bomba para pesca pode fazer 20 metros de água subirem, várias delas juntas podem fazer casas, móveis, asfalto, terra e pessoas voarem pelos ares.

Bom, a imprensa não tocou no assunto das bombas de pesca. Seguem com a informação de que a loja teria um grande depósito de fogos de artifício ou seria uma fábrica de fogos.

De qualquer maneira, a informação da pesca com bomba me impressionou. Conheci a técnica hoje e já quero que ela não exista mais daqui a cem anos.

O governo brasileiro não quer que ela exista agora. A pesca com bomba é proíbida no Brasil. Conforme escreveram Mariana Ramos Conceição e Mônica Celestino, no livro-reportagem "Agressão Além-mar. Pesca com bomba: um crime social, cultural e ambiental":
A pesca com bombas é considerada um ato ilícito por afetar não só a cadeia alimentar, por destruir grandes cardumes e animais ainda em processo de maturação ou em fase de reprodução, como também por afetar a biota aquática, destruindo corais, eliminando algas (alimento de várias espécies), etc. Essa ação degradante teve sua proibição decretada em 1967, através da Lei n° 221, de 28 de fevereiro, tendo o criminoso como penalidade uma multa de até dois salários mínimos. Já perante os artigos 34 e 35 da Lei Federal 9.605, a chamada Lei dos Crimes Ambientais, praticar pesca com bombas e/ou usufruir do pescado adquirido dessa forma são crimes com pena prevista de um a cinco anos de reclusão.

Parece que a situação é pior no litoral da Bahia, destaco os alertas de Ivana Gil Silva, Léia Figueiredo e Diego. É isso aí, todos contra a pesca com bomba! As bombas explodem embaixo d'água e matam filhotes de peixes e crustáceos, danificam a flora e os corais, comprometendo todo o ecosistema aquático. E quando as bombas explodem fora d'água... Nos solidarizamos com as famílias das vítimas da explosão. E vamos repensar nossa relação com o mundo, que tal?

2009/09/22

10 - Água Potável - SIM



No dia mundial sem carro, digo: quero que daqui a cem anos exista água potável.

Parece óbvio. Se vai haver humanidade, é bom que haja água pra essa turma toda beber. E, como por essas bandas quase nunca faltou água de beber, a gente acaba esquecendo que é preciso cuidar das fontes para que não falte água nunca. Ontem vi a senadora Marina Silva falar da importância da juventude na política. Ela disse que os jovens têm projeto para o futuro, deles próprios, dos filhos e dos netos. E, por isso, o meio ambiente e a sustentabilidade - e nesse pacote a questão da água potável - são temas importantes para eles. Não me considero tão jovem, mas me identifiquei com a questão.



De acordo com a ONU, 1,1 bilhão de pessoas já não tinham acesso à água potável em 2006. A Organização Mundial da Saúde, falava em 1,5 bilhão em 2008. E tem gente dizendo que, se nada for feito, dois terços da humanidade não terão acesso à água em 2025. Isso é daqui 15 anos, imagine daqui a cem...

2009/09/20

9 - Religiões - SIM




Aproveito Rosh Hashana e o fim do Ramadan pra dizer que quero que existam religiões, no plural, daqui a cem anos.

Se algum intelectual afirmasse isso há mais ou menos cem anos, não seria bem visto. Digo "intelectual" no sentido Europeu: homem branco culto que vivesse na França, Inglaterra, Alemanha ou arredores. Ali, onde surgiram as bases da civilização que eles mesmos denominaram Ocidental, a religião tornou-se coisa menor, foi destronada pela razão - objetiva, universal, absoluta. Dá até para entender porque tanta ojeriza em relação à religião. Foram séculos de dominação por uma Igreja Católica duríssima e violentas guerras religiosas entre os séculos XVI e XVII. Ok, entendi.

Mas o sentido que isso tinha há cem anos, já se perdeu. E há muitos cuidados a serem tomados para que não vivamos nos próximos cem anos uma ojeriza à ciência (confesso que eu mesma já sofro disso) e nem a super-valorização de uma religião voltada somente para o mundo material (que contrassenso...).

O padre João Batista Libânio analisa esse destronamento da religião no livro "A Religião no início do Milênio" (esse nosso agora 2 mil e tanto...). Entre tantas outras coisas ele escreveu: "A religião era a força integradora das sociedades humanas. O homem, como ser simbólico, tem necessidade de dar um sentido à vida em todas as dimensões. Constrói sistemas simbólicos religiosos como marco último e integrador das sociedades em que vive."

A razão, travestida de ciência, economia, trabalho, tomou esse lugar e tentou dar sentido a nossas vidas. Falhou. Vivemos perdidos, estressados, sem sentido, com a sensação de que algo está errado, algo não cola. e não cola mesmo. Pergunte por aí o que é felicidade para as pessoas. Eu já fiz isso e o que mais ouvi foi: família. A felicidade é a família e a pessoa fica mais de 12 horas por dia fora de casa em virtude do trabalho... Que sentido tem isso?

A religião não resolve essa questão, mas pelo menos permite que pensemos de forma mais ampla e, quem sabe, num futuro, que possamos agir de forma menos "racional" e mais sensata.

 

Cometi um erro, escrevi a religião e este post fala de religiões, no plural. Para que a religião construa sistemas simbólicos que nos unam (usando as palavras do padre Libânio) e que não se tornem uma camisa de força apertada como a mentaidade economicista tem se tornado, é preciso que existam religiões no plural. Somos diferentes, então é natural que tenhamos religiões diferentes. Vive la difference!

E numa feliz coincidência, exatamente hoje quando resolvi publicar este post, católicos, evangélicos, muçulmanos, judeus e, principalmente, seguidores de religiões de origem afro se reuniram na Praia de Copacabana na II Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. Cerca de 80 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, tomaram quase 1 km da orla. De acordo com a imprensa, tinha até ateu na caminhada. É isso aí, liberdade de ter fé em tudo ou em nada.

É bom saber que não se está sozinho no mundo. Como diria a socialite Milu, da novela Cobras e Lagartos: "A religião voltou à moda, assim como o tafetá!".

Figura: A regra de ouro de Norman Rockwell

8 - GeoCities - SIM




Este post é uma ilusão. Ou melhor, o registro de algo que para mim é um sinal preocupante. Gostaria que o GeoCities existisse daqui a cem anos.

Perceberam que eu usei o futuro do pretérito na frase anterior? Pois é... O GeoCities está se tornando coisa do passado. Hoje, me deparei com essa mensagem no site deles:

GeoCities is closing on October 26, 2009.

On October 26, 2009, your GeoCities site will no longer appear on the Web, and you will no longer be able to access your GeoCities account and files.
If you'd like to move your web site, or save the images and other files you've posted online, please act now by downloading your files or upgrading to Yahoo! Web Hosting. See details in the help center or upgrade to Web Hosting now for only $4.99 a month.
Os motivos são econômicos: "Decidimos descontinuar a assinatura de novos usuários para o GeoCities, porque nosso foco será ajudar nossos clientes a explorar e construir novos relacionamentos online de outras maneiras", informou o Yahoo em comunicado. "Como parte dos atuais esforços do Yahoo para construir produtos e serviços que propiciem a melhor experiência possível aos consumidores e os melhores resultados para os anunciantes, estamos ampliando os investimentos em algumas áreas e cortando em outras", afirmava o comunicado.

Li uma análise que considerou a medida um tiro no pé. Como se a Yahoo, que também demitiu 700 funcionários esse ano, quisesse "emagrecer" e, no lugar de fazer uma dieta e exercícios, mutilasse partes do corpo para perder peso. O fato é que a Yahoo comprou o GeoCities há uns dez anos por um preço altíssimo (vi números que variam de 2,8 bilhões de dólares a mais de 4 bi), era o auge das empresas .com. Isso passou, o Google cresceu e o Yahoo vem fazendo o que pode. E poderia ao menos ter vendido o Geocities no lugar de simplesmente acabar com ele... Mas quem sou eu pra dar palpite nessas coisas de mercado?

O que me preocupa é o significado desse fim. O Geocities é um dos serviços pioneiros de hospedagem de sites. Lá pelos idos de 1995 (você nem sabia o que era Internet nessa época, não é?), quem quisesse poderia construir uma página e publicá-la na word wide web utilizando a hospedagem e domínio. Era só escolher uma cidade e hospedar seu site lá. Por exemplo, se você tivesse um site sobre cinema o hospedaria em Hollywood (com um domínio super complicado). Mais tarde, os domínios se tornaram mais amigáveis. Mas esse começo com as cidades é memorável. No final dos anos 90, de acordo com O Globo em artigo já linkado acima, o serviço hospedava mais de 3,5 milhões de sites. A Yahoo colocou anúncios no site e uma marca d'água muito chata. Quem quisesse se livrar disso, tinha que virar usuário premiu, isto é, pagar. Foi o suficiente pra espantar a galera.

Eu mesma quase não lembrava do site. Mas hoje lembrei. Eu precisava colocar na rede uma animação (um gif animado) com uma música junto. Pensei em várias soluções e tentei algumas sem sucesso (transformar em vídeo - faltava o looping; fazer um show de slides - o looping ficou ruim; usar um blog - não dá para por música). E tive a brilhante idéia: fazer um html. Abri meu bloco de notas e fui lá, puxando do fundo da memória todos os códigos etc, etc, etc. Recorri à dicas na rede para colocar a música na página. E deu certo. Montei uma página lindinha com cara de página do fim dos anos 90.

Página montada e agora? Como eu poderia colocar o site na rede. Google: "hospedagem site grátis". O primeiro link, anúncio pega trouxa. O segundo, um cadastro enorme, para em seguida descobrir que era outro anúncio pega trouxa (não preenchi o cadastro, mas suponho que era pega trouxa...). E, finalmente, lembrei do velho e bom GeoCities!

E qual não foi minha surpresa ao entrar na página e ler o anúncio de fechamento. Surpreendente, chocante e triste. Sou do tempo em que a palavra livre ou free na língua internética era muito mais do que grátis. No GeoCities éramos livres. Livres para programar nossa página como bem entendêssemos. Não havia modelos pré-formatados, espaços para títulos, datas, nome de quem postou, perfil, minhas fotos, seção de arquivos e muito menos limites de caracteres para postagem. O GeoCities, apesar dos domínios horrorosos, era a própria liberdade e não essa liberdade formatada pelos serviços de blog, rede sociais e essa coisa estranha chamada twitter.

Por essas e por outras quero que daqui a cem anos já tenhamos superado essa fase de liberdade formatada e que as pessoas vivam de fato a liberdade. Uma liberdade que tem custos altos, como munir as pessoas do conhecimento necessário para manejar as ferramentas e fazer suas próprias escolhas, e que precisa ser planejada a longo prazo. Cem anos tá de bom tamanho.